terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Mensagem de um companheiro


Se eu morrer em 2018, fica como testamento espiritual esse tipo de depoimento de companheiros e companheiras a dar uma visão panorâmica de minha existência nessas quebradas terrenas, palavras que me redimem de muitos equívocos que cometi vida afora. Meu saldo é bom em favor do meu humanismo guerrilheiro.
Este compadre que se vê muito garboso na foto acima é o companheiro Luiz Trindade, de Mari, sujeito convicto de suas ideias libertárias e socialistas, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra na região, hoje dono do seu terreninho, fruto de uma luta que testemunhei e ajudei a consolidar. Trindade fundou comigo a Rádio Comunitária Araçá, de Mari. Sob a égide desses valorosos companheiros e companheiras, sob a proteção e com o total apoio dos camponeses em plena luta pelos direitos de ocupar e produzir nas terras vazias e improdutivas, irradiamos nosso sinal com o lema: “ocupar, transmitir e resistir.” No nosso caso, a ocupação se deu no éter, onde reinam os sinais das rádios comerciais a serviço das classes dominantes. Queríamos desenvolver a inclusão social e cidadania plena, assegurando a formação de opinião pública, livre, laica e pluralista, como deve ser em qualquer regime democrático, e obedecendo o que diz a Constituição brasileira. Mesmo assim, acusavam-nos de comunistas. Para garantir esses direitos, passamos para a desobediência civil. E este compadre foi um soldado resoluto na linha de frente dessas batalhas, no final dos anos 90 em Mari.    
No começo de 2018, recebi a mensagem do compadre Luiz Trindade:
“Fábio Mozart, desejo de todo coração que tenha um feliz 2018. Lembrando que você faz parte da história da reforma agrária junto conosco, aqui no município de Mari. Agradeço primeiramente a Deus, depois a você que me motivou e contribuiu no avanço das mudanças na vida do homem do campo. Hoje, coletivamente, temos nosso pedaço de terra. Meu filho mais novo tem curso superior. Você foi a chave fundamental para essa mudança. Você ensinou, não só a mim, mas a outras pessoas, a caminhar com suas próprias pernas. Fábio, você tem história e fez história. Continua no coração dos marienses. Um grande abraço e tudo de bom.”

Luiz Trindade 


De Campinas, São Paulo, recebo torpedo do compadre radialista comunitário Jerry Oliveira: 
Fábio Mozart, se você está na história da reforma agrária de Mari, lembro que isso não é pouca coisa. Foi nesta região que nasceu José Pedro Teixeira, fundador das Ligas Camponesas e que foi brutalmente assassinado. Margareth Teixeira, sua companheira retratada no filme "Cabra Marcado para morrer", relata esta luta. Poxa amigo, muito bom saber que você é a continuidade desta luta. Viva a Reforma Agrária, viva as Ligas Camponesas, viva Francisco Julião, viva José Pedro Teixeira e viva Fabio Mozart, o poeta de luta. Feliz Ano novo.

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