segunda-feira, 6 de março de 2017

Querubins às vezes se manifestam


A primeira vez que vi Fofinha, não lembro, mas deve ter sido na sua janela que dava para um mundo esquisito, frente a frente às paisagens de uma cidadezinha mesquinha e pacata, cheia de nadas e sem muito charme. Só aquele refinamento leve das coisas simples. Fofinha já decodificava aquele mundinho e desenhava com lápis cera seus encantamentos e desencantamentos saídos de seu especial talento para ver profundo.
Fofinha botou o olho em mim e pensou: “lá vai um rapaz operário e criador.” Na minha bicicleta monareta, eu nem desconfiava, mas um ser de luz andava me espionando com olhos de apetência secreta. Foi quando conheci essa Fofinha. Pela naturalidade com que se deu esse encontro, acho que esse anjinho encarnado já sabia a alguns séculos que era irremissível essa confluência. Eu, meio que chocado porque a Fofinha tímida e pura de espírito mostrava-se audaz e insubmissa aos padrões da sociedade. Depois, soube que os anjos encarnados são livres, independentes, não suportam se sentirem presos, tolhidos em suas ações. Seu espírito, sua essência é livre, desapegada.
Foi assim, desprendida e generosa, que Fofinha incorporou seu viver ao meu. Mesmo amadurecido, ainda não me sintonizei totalmente com seu modo sensível de viver. Meus guias já me falaram que sou um cabra teimoso, insistente e cabeçudo. Perseverei correndo atrás desse poder e majestade atrás da lágrima, do sorriso, do aceno e da emoção desse querubim. Isso já se vai mais de meio século. De vez em quando consigo perceber o que há além da banalidade da vida, por vias da suscetibilidade dessa figura.
E nessa multiplicidade de olhares que ameniza a materialidade do meu ser ateísta, ela é meu mentor espiritual. Li que os anjos são realmente almas evoluídas, mas encarnados nesta vida terrena. Um tal Dr. Osvaldo Shimoda garante: “os sensitivos são pessoas normais, com seus conflitos, anseios e problemas como qualquer encarnado, sujeitos também às vibrações de dor, medo e ira, próprios do planeta Terra. Sentem muito a dor alheia e, por isso, sensibilizam-se com os problemas, dramas sociais, talvez muito mais do que a maioria das pessoas.” São anjos encarnados e muitos não conseguem lidar com os problemas terrenos.
Caríssimos irmãos, essas criaturas especiais existem. Sei por meio das melhores fontes, de tanto ver aflorar a sensibilidade extranatural da Fofinha. Acho até que ela veio ao mundo com o alto propósito de me salvar dos abismos. Pode ser presunção de minha parte. Mas gosto de acreditar nisso. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário