domingo, 18 de setembro de 2016

POEMA DO DOMINGO

A POESIA DE MARCUS ALVES


Li tudo que era surrealista
e não me assustei.
mas um rinoceronte azul passou
diante do meu olhar e,
temeroso, corri para os braços agrários da
minha mãe.

***
Como eu queria um tempo de justiça e paz
Como queria um tempo de ar e solidão
Herdei um tempo de fezes e girassóis mortos.

Vou resistir.

***

Perdi-me em algum lugar da noite.
Em algum labirinto da alma
Esqueci meu nome, minha vila,
meu Deus. Fui pop, punk, hip hop e hoje,
procuro algum poema no silêncio do cerrado.

Vejo uma árvore amarela.
É um começo.

***


Eros

não tive pecado na veia
uma cobra passou e esqueceu meu tornozelo
estive fora da vida em chamas
agora fiz um parafuso sem fim
entrei
o olho ainda fechado
não vi o velho morto de barba branca
também a zelosa mulher que vela
a luz de novembro
alpargatas sob a cama
Eros dança entre lençóis
a tela neon avisa:
somos milhões de pequenos sapatos
e um poema final conversado com Deus
antes do desespero sobre o beijo traído.
com zelosa mulher do inferno Eros dança entre
lençóis


Sinto falta do poema
Nesses tempos de inteligências artificiais
Outro dia minha máquina de lavar gritou
comigo.
Como estava emocionado demais,
Chorei
E fui dormir.

Marcus Alves


Antônio Marcus Alves de Souza é doutor em Sociologia e Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília. É natural de Itabaiana (PB)


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