segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Apartheid veicular


Pessoas em bicicletas sofrem um forte preconceito no Brasil. Faz lembrar a segregação racial nos Estados Unidos. Igual aos negros americanos, as pessoas que andam de bicicleta são tratadas com implicância e hostilidade.
Devido ao problema de artrose no joelho, uso minha bicicleta como muleta e cadeira de rodas. Da minha casa para o Fórum Cível Mário Moacyr Porto são apenas uns 200 metros, mas eu preciso ir pedalando porque não suporto a dor do joelho segurando o peso do corpo cansaço de 60 anos. Percorro o itinerário toda semana para renovar o acervo do projeto Biblioteca Viva. Ontem, como faço sempre, amarrei a bicicleta no corrimão da entrada do fórum, sem prejudicar em nada o acesso das pessoas. Quando subia a rampa, o vigilante pediu para retirar a bicicleta do local. Foi avisado pelo sistema de segurança, por sua vez alertado pelas câmeras. Era como se minha bicicleta fosse uma ameaça terrorista.
O Fórum não dispõe de local para estacionar bicicletas, mesmo tendo um vasto espaço ocioso. Há um número cada vez maior de pessoas usando bicicletas para seu deslocamento, mas isso não entra no planejamento dos engenheiros e arquitetos dos prédios e vias públicas.
Eu acho que tenho o direito de usar minha bicicleta nas ruas e estacionar nos portais dos prédios públicos. Bicicleta não é só para os parques e para lazer. No meu caso e de muitos trabalhadores, é meio de transporte. Nesse país tão opressor em relação às pessoas pobres, usar a bicicleta é um ato de resistência, de certa forma até um ato político.

Portanto, fora Temer e fora o preconceito contra os ciclistas. 

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