sexta-feira, 1 de abril de 2016

Depois que um mosquito fêmea picou a bunda do velho Fabinho e transmitiu o vírus da Chikungunya, o Brasil nunca mais foi o mesmo


A Chikungunya é uma doença viral, feito essa onda fascista que varre o Brasil, pedindo quebra da ordem constitucional e regimes duros contra a corrupção, sem saber, ou sem querer saber que nos regimes autoritários, as forças vivas da sociedade são subjugadas e reprimidas, onde os donos do poder usam e abusam da máquina pública em favor dos seus interesses, sem ninguém para reclamar.
Na verdade, a Chikungunya veio da Tanzania. O nome significa “homem encurvado”, porque a doença faz você se curvar, ficar aleijado, troncho e agoniado. Fiquei quatro dias de cama e mais vinte dias aguentando os efeitos colaterais da peste: artrose nos joelhos e nas mãos, inflamação anal, coceira, vermelhão e dores estranhas em partes variadas do corpo. A febre alta e o mal estar duraram quatro dias. Doem até as unhas. Ainda agora, dias há em que os joelhos não respondem ao comando de levantar pela manhã.

Mas, é preciso acreditar na missão, senão a gente desanima. E a missão é fazer bem nosso trabalho. Há dúvidas sobre a necessidade desse trabalho, ou de sua eficiência. Passa, por exemplo, uma pergunta sobre esse instante em que vivemos. Será que passou a hora da gente assumir a tarefa histórica de participar das transformações sociais, culturais e políticas deste nosso país?  Os de minha geração, alguns se perguntam: “será que não dei minha contribuição e agora é com a galera mais nova?” Meu compadre teve um AVC, andou na baixa, perdeu vinte quilos, mas esteve nas manifestações do “Não vai ter golpe” deste 31 de março, o dia em que o Brasil desajustou seu relógio político em trinta anos. Tem nego de minha geração que arquiteta sonhos de mudança via política. Eu, peço licença para continuar sendo esse elemento seco e estéril que apenas abençoa os que assumem as ruas em nome da liberdade. Acho que já fiz minha parte. Eu queria a transformação social, deram-me um governo que apenas gerencia o capitalismo periférico com os mesmos processos de sempre, da cooptação corrupta e demais engrenagens do mecanismo de dominação.

Não precisamos de líderes, tampouco de mitos. Acredito na autodeterminação das pessoas.

E para o Chikungunya, não há o que fazer senão tomar acetaminofeno, anti-inflamatórios e complexo B. Para a confusão política, a depressão econômica e a safadeza dos agentes públicos, o remédio que indicam é a prevenção, como no combate ao vírus. Repelente, no caso dos mosquitos, e voto consciente, em se tratando da política. Controlar o vetor do vírus, limpar seus criadouros, e manter sob vigilância as câmaras de vereadores, prefeituras, assembleia, senado e chefes do Poder Executivo, sem esquecer a galera de toga.  

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