segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Fui convidado para atuar em novela da Globo

Eu e meus colegas de Multimistura, um espaço radiofônico na internet que vem brincando de produzir conteúdos diferenciados para web rádio. Nessa brincadeira, já estamos sendo ouvidos em Portugal, Estados Unidos e leste Europeu, conforme estatística do fluxo de mídia do nosso provedor.

Recebi este bilhete do ator Fernando Teixeira: Fabio Mozart, estou fazendo a novela o Velho Chico, a primeira parte e, para a segunda parte eles estão precisando de pessoas mais velhas e que sejam atores para os papeis de Coronel do interior e você é cordelista, locutor. Se você estiver interessado, pegue seu celular e peça a alguém para tirar algumas fotos suas sem você posar. Passe andando, de lado, de frente, sempre com uma cara de quem diz: “Sou um cara feliz”, demonstrando verdadeiramente. E junto com elas me mande online; nome, endereço, telefone, e e-mail. Quanto antes melhor. A grana é muito boa, fora o destaque nacional. Se você topar lhe darei umas aulas breve.

Respondi ao mestre Teixeira: “Agradeço a deferência do convite, mas não poderei aceitar porque sofro de artrose nos dois joelhos, com sérios problemas de locomoção”. Assim, acabei deixando passar a chance de trabalhar nessa novela que, dizem, tem mais nordestino do que a feira de São Cristóvão, no Rio. Acabei por perguntar ao mestre se ele aceitaria minha indicação do veterano ator Marcos Veloso para o papel. Ele respondeu: “Com certeza, Mozart, mas é uma pena, porque você tem um bom tipo para o que eles estão querendo. Em verdade, eles querem fazer uma renovação no cast.”

A Rede Globo é a maior emissora do Brasil, vista todos os dias por 90 milhões de pessoas. A telinha da Globo hipnotiza o brasileiro há mais de 40 anos. Trabalhar na Globo é o sonho de cem por cento dos atores. Não sou ator e nem quero trabalhar na Globo. Por causa da artrose nos joelhos, mas, também, porque a TV brasileira é alienante, imbecilizante. Respeitando os artistas que lá trabalham, essa “caixa de fazer doido”, como definiu o genial Stanislaw Ponte Preta, vem empurrando goela abaixo dos brasileiros, por décadas, um conjunto de valores que não coincidem com meu modo de ver o mundo. Não gostaria de fazer parte disso, mesmo que dê dinheiro e fama.

Não sou superior a ninguém, nem acho que estou esnobando. Já tenho o suficiente pra não morrer de fome até o fim da vida e não preciso de notoriedade. A importância social que busco é poder ser reconhecido naquelas quebradas de gente pobre que quer montar uma rádio comunitária e precisa de meu auxílio. Prefiro fazer parte da equipe da Rádio Zumbi dos Palmares e me divertir batendo o ponto no Estúdio 26, que é uma sala na casa do compadre Dalmo Oliveira onde a gente sonha e ri com o ridículo próprio e alheio, produzindo debates absolutamente desnecessários e projetos malucos idem.

Pior para o mundo artístico, se o velho e extraordinário ator Fabinho não atuar na Vênus Platinada. Nem por isso deixarei de me orgulhar dos conterrâneos que irão trabalhar na novela, artistas do calibre de Zezita Matos e do consagrado Fernando Teixeira. Suas presenças na telinha da Globo significam mais dignidade e satisfação para o nordestino. Mesmo que a própria Globo nos compare àquele personagem idiota do desenho animado americano, o Homer Simpson, incapaz de entender comunicações de média complexidade. 

PRECONCEITO CONTRA A PARAÍBA

Radialista Evaristo Nogueira, que só quer passar na Paraíba de avião, pra não sentir a catinga de suvaco das muié e o arroto choco dos machos comedores de rapadura. 

Sou paraibano pelos quatro lados. Trago nos cromossomos uns segredinhos pernambucanos, mas sou cem por cento Paraíba. Por imperativo moral, tenho que repudiar quando qualquer mequetrefe fala mal de minha “pátria”, mulher macho sim senhor.

Aconteceu que um comentarista esportivo do Ceará, terra do meu compadre Dedé Arnô, um tal Evaristo Nogueira, criticando o Botafogo da Paraíba, saiu-se com essa: "Eu não quero nada com a Paraíba, vou por cima, de avião". E quem quer alguma coisa com um salafrário preconceituoso? Continuando, o bicho meteu o pau no Botinha Fake: "O Botafogo da Paraíba que de Belo não tem nada, continua um time feio, sem inspiração. Como o Fortaleza não tem vergonha de perder para um time letreca, cheio de refugos?"

Time letreca? O que porra é letreca? Letreca é o chifre esquerdo desse comentarista! Não sou muito chegado a esse Botinha, mas, nessas horas, só olho pro meu umbigo: mexeu com Paraíba, mexeu comigo.

A direção do Botafogo da Paraíba emitiu uma nota de repúdio direcionada ao jornalista. Eu emitiria um torpedo carregado de peixeiras de doze polegadas, amoladas na pedra do Ingá pelo meu compadre Vavá da Luz e sacramentadas pela lei da ignorância. “Meto bala nesses putos”, grita Jessier Quirino pela boca de Lampião, deputado federal.  É a lei do “Nordestinismo dos Problemas Matutais.”

Olha, seu menino, chega me dá uma revolta! É porque esse povo da Bahia e do Ceará tem vergonha de ser nordestino. Preferem ser quase sulistas de segunda classe. Cabras bons de pêia, sujeitos que “comem uva em plena safra de manga”, como denuncia Jessier. Uns cornos da primeira postura, como diria meu compadre Ameba.

Sim, o Botafogo da Paraíba é uma merda mesmo, mas só quem pode falar mal dele somos nós, da tribo.



sábado, 27 de fevereiro de 2016

POEMA DO DOMINGO


Mãe e mães

Mãe, só tem uma
Mãe, somos milhares

Mãe dos homens e das mulheres
Mãe, filha da gente

Mãe, filhos e filhas
Mãe, mares, continentes, ilhas

Mãe, saímos de ti
Mãe, útero que se externa

Mãe, cabaça e cisterna
Mãe, gentil menininha

Mãe, estrela do norte
Mãe, com braço tão forte

Mãe, rainha sem coroa
Mãe, lama e barro

Mãe do perpétuo amparo
Mãe, ama e escrava

Mãe das noites sem sono
Mãe dos dias fecundos


Dalmo Oliveira

’’Alô comunidade” recebe hoje a comunidade rural de Jacaré, município de Pilar

O programa ALÔ COMUNIDADE, da Rádio Zumbi dos Palmares, vai ouvir representantes da comunidade Jacaré, de Pilar, para entrevista sobre a realidade local e as lutas daquele povo ribeirinho.

Estará conosco a líder comunitária Euvina Lima, da Associação de Moradores, a educadora Danielly Gomes e Sousa Filho, que trabalha com projetos de incentivo à agricultura familiar.

O programa começa às 14 horas deste sábado, 27, na Rádio Tabajara da Paraíba AM, com retransmissão por uma série de rádios comunitárias e difusoras espalhados pela Paraíba e Pernambuco, com apresentação de Fábio Mozart (foto) e comando técnico de Maurício Mesquita.  

Para ouvir pela internet:

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Compre o livro que está abalando a direita, estremecendo a esquerda e tomando no centro.


AVENTURAS DE BIU PENCA PRETA NO REINO DA FULERAGEM

Compre, mas não comente nada com os amigos. Leitor desse livro é suspeito. Afinal, a criatura que gosta desse “tipo” de leitura… Sei não…

O livro sofreu diversos cortes, mas ainda assim escapou fedendo. Para agradar à bancada da Bíblia, do boi, da bala e da bunda, o livro de Biu passou por uma lavagem ideológica e bestiológica onde foi raspada a metade de seu conteúdo sensacionalista, para satisfazer os princípios e a educação dos possíveis leitores e atender aos dez mandamentos.
Como garota propaganda do livro, apresentamos Madame Preciosa, uma mulher tipo IML, daquelas que só tem corpo. “Minha vida é um livro aberto rigorosamente fechado”, anuncia Penca Preta, a estrela do livro.

O livro de Biu sai no mesmo instante em que é lançado no Brasil outro livro bostal: “Como falar merda”, escrito pelo mais celebrado filósofo moral da Universidade de Princeton (EUA), Harry G. Frakfurt. Ora, se um filósofo moral tem o direito de falar merda, porque Penca Preta não teria, né verdade?

Já à venda com o autor: mozartpe@gmail.com



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Odete de Pilar desiste da carreira e se torna evangélica

Odete de Pilar

Em um mundo cada vez mais egoísta, difícil encontrar nomes de mulheres benfazejas, dedicadas ao bem comum, para receber o prêmio Leonilla Almeida. Recebemos muitas indicações, algumas sem consistência. Lamentavelmente, a cirandeira e cantadeira de coco Odete de Pilar não vai mais receber o Prêmio. Falei com ela ontem. “É, seu Fábio, eu estou desistindo dessa vida de cantadeira de coco, agora sou evangélica e não quero mais saber disso não. E mesmo, fiquei muito decepcionada nessa viagem que fiz para Brasília, resolvi parar, mas agradeço pela lembrança”, disse Odete por telefone.

No dia 20 de novembro de 2015, Odete participou em Paranoá, juntamente com seu grupo, do I Festival de Samba de Coco e Maracatu do Distrito Federal. Pela conversa que tivemos, ela se abespinhou com esse povo que a acompanhou, não sei os motivos. Percebi que aquela alma simples ficou muito magoada com uma forte agressão à sua dignidade. Os detalhes, não me contou. Quem sabe, sua probidade e honradez de matuta foram maculados nessas quebradas do tal “show business”, a tal indústria de espetáculos recreativos que tritura a dignidade das pessoas na ânsia de fama e dinheiro. Perdemos uma grande artista da cultura popular brasileira e paraibana, um ícone dessas tradições que mantinha vivo o melhor da ciranda e do coco de roda. 

No mais, resolvemos desistir da entrega do Prêmio Leonilla Almeida em Pilar, pelos seguintes motivos:

01 – Desistência de Odete Cirandeira;

02 – As pessoas com quem eu contava para auxiliar na divulgação e infraestrutura do evento, algumas não foram encontradas, outras se mostraram reticentes;

03 – Percebi que o lance político é muito forte na cidade, dividindo pessoas que seriam homenageadas, o que tornaria complicado conciliar o evento com os interesses políticos de cada grupo.

Por isso, estamos transferindo todas as homenagens para Itabaiana, para o dia em que for realizado o Sarau das Almas e o Encontro das Traças, ainda em março/2016.


Peço a compreensão de todos.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Somos todos babacas

Querer ser um babaca especial é o cúmulo da pretensão. Somos todos babacas, e fim. Acredita não? É porque você não se olha no espelho da sinceridade com você mesmo. Mas a realidade, por mais cruel que pareça, é que somos babacas na maior parte do tempo, e alguns são babacas em tempo integral.  

Pensando assim, passa a ter sentido a sincera “agressão” daquela minha amiga, que me chamou de babaca porque contei alguns lances de minha vida, considerados pequenos crimes tipo pagar propina ao guarda, essas coisinhas do cotidiano canalha de todos nós. Foi num programa de rádio de fundo de quintal, eu e mais alguns babacas, onde se falava de corrupção. Em dado momento, eu provoquei: “vocês falam tanto na corrupção alheia, teremos coragem de admitir nossos pecados?” Teve até furto desqualificado. Ao fim, revelou-se o que já se suspeitava: nós, brasileiros, praticamos a desobediência civil não sistematizada quase todo santo dia. Até rabisquei um haicai:

Atentai, ó crente:
bendita ou não, a corrupção
é fruto do vosso ventre.

Mas, o que eu quero falar mesmo é do babaca, a forma rotineira de como somos imbecis. Por ser práxis, nem notamos. Ontem fui visitar um professor de alto gabarito intelectual e forte prestígio na sociedade paraibana. O homem demonstrou o que sempre foi: um sujeito educado, gentil e muito solícito para com as visitas. Na audiência, me chamou a atenção o modo como trata os subordinados. É clássico na nossa cultura. Os de cima ainda se sentem na sala da Casa Grande, tendo ao redor as mucamas e serviçais para suas necessidades imediatas. De preferência, sendo tratados de forma humilhante e desrespeitosa. Um babaca de outro tipo. Por essas e outras, defendo a tese de que somos todos babacas, mesmo os que se acham a fina flor da humanidade. Principalmente essas figuras.

Ao fim e ao cabo (gosto dessa expressão, apesar de achar meio babaca), não conseguimos nosso intento com a tal autoridade. Por outro lado, lancei um olhar crítico à tendência de me achar um fodão, que é aquele tipo de babaca que pensa: “por que a humanidade não se ajoelha aos meus pés pelo simples fato de eu existir?” Gramsci ensinou: “não se pode chegar à vitória final através de uma sucessão de derrotas parciais.” Perdi essa batalha, mas, ao longo prazo, a vitória será dos germes que hão de comer minhas vísceras. Em todo caso, ainda continuo emocionalmente cheio de energia para dar meus pinotes e me envolver emocionante com projetos que, à luz da realidade aparente, são meras babaquices.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Parodiando Bukowski


Bukowski era um sujeito americano que, quando não estava bebendo, escrevia poemas, contos e roteiros para cinema. Geralmente fazia as duas coisas ao mesmo tempo. Eis o conselho amigável que ele deu a um jovem que queria ser poeta (adaptado para os dias que correm):
“Leia a Bíblia. Deixe crescer a barba. Assista o BBB. Pinte seus sapatos de azul. Dê a volta ao mundo em uma canoa de papel. Não coma tapioca com banana e pimenta. Case com uma mulher dos lábios leporinos e aprenda a beijar diferente. Escove os dentes com gasolina. Construa um quadrado de quatro lados. Forme uma dupla de dois. Faça cinema mequetrefe com atores idem, mas não imite Moreno. Seja candidato a vereador e a corno, nem sempre nessa ordem. Vá ao teatro, mas não me chame. Fale oralmente o que vem à mente. Seja majestoso diante do rei. Mas nunca, em tempo algum, escreva poesia.”
Outro americano, esse idiota, não genial como o bêbado Bukowski, escreveu:
“Relatórios afirmando que uma coisa não aconteceu sempre me interessam porque, como se sabe, existem coisas sabidas que se sabe, há coisas que sabemos que sabemos. Também se sabe que existem coisas desconhecidas de que sabemos, quer dizer que sabemos que existem algumas coisas que não sabemos. Mas também existem coisas desconhecidas que não conhecemos - aquelas que não sabemos que não sabemos.”

O autor dessa pérola: Donald Rumsfeld, secretário de defesa americano, um dos homens mais importantes do mundo, misturando a doutrina Sonsinho com o método confuso.

Conclusão: todos somos livres para sermos idiotas ou geniais. Eu quero exatamente dizer exatamente o que eu estou dizendo aqui. Se eu sou um debiloide? Não, mas escrevo poesia imitando um autor português de Portugal. Vida de poeta, em geral, é como vida de rico: muito chata. Por isso bebemos licor de cacau Xavier com óleo de rícino. 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

POEMA DO DOMINGO



Entre poucas e boas
vivem os ateus
e os atoas.

***

Ao fim e ao cabo
o pão da missa
é o mesmo pão
do pobre diabo?

***

Salvar o mundo
é o cúmulo da pretensão.
Só faço isso
dia sim, dia não.

***
A vida é um constante açoite.
O bom vivente
não dorme nem à noite.

***
Dormir de touca
quem se atreve?
Nada de cochilar
que a vida é breve.

***
Sem lampejos de glória
sigo apaixonado
pela minha história.

***
O guarda-chuva
convocado
é o único guarda inofensivo
armado.

***
Alguma coisa há
que me transcende.
Se Deus existe,
nem Ele entende.

***
A cachorrinha não é cristã
mas também nem ta aí
pro dia de amanhã.

(Inspirado em Waldemar Solha)

***
Banida a propriedade privada
onde é que eu fico
se não tenho nada?

***
Ó sabedoria do povo!
Até a galinha sabe
que sai pinto do seu ovo.

***
Divina e cruel desforra:
Nagasaqui e Hiroshima
já foi Sodoma e Gomorra.

***
Se sou de periferia,
onde fica o epicentro
de minha pobre agonia?

***
Em ato degradante
o insigne partinte
deixa o insignificante.

***
Cadê meus sais?
Um deus cruel me criou
Com mil defeitos especiais.

***
Eis que de repentelho,
a mulher abre a dobradiça
ao espelho.

F. Mozart






quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Até os gênios do empreendedorismo falham


Fui conversar com uma moça que é do departamento de marketing do Shopping Mangabeira. Ela quer fazer uma feira de cordel, com a Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Falando na linguagem do compadre Josafá de Orós, aquilo meu deu um talho no coração. Fiquei com pena do Tio Patinhas da Paraíba, o dono do negócio. O shopping é enorme, confortável, coisa de primeiro mundo, mas falta o básico: freguês. O investimento está indo de água abaixo, porque não tem retorno para as lojas. É feito casa de bexiguento: não entra ninguém. Soube por lá que o dono já está dispensando o pagamento dos aluguéis das lojas para evitar uma debandada geral.
Eu conversando com o poeta Sander Lee, combinando pra gente alugar uma sala naquele espaço comercial pré-falimentar. Nós que não temos profissão definida, às vezes poetas de meio de feira, outras, empreendedores de ilusões, caberíamos feito tomé e bebé naquele aferventado de negócios quebrados misturados com arroto choco de rico no prejuízo.
É muito cedo, todavia, para apostar na derrocada do templo do capitalismo, armado em lugar impróprio ou porque deu de frente com a crise alardeada. Na ópera-bufa e nauseabunda dos entrecruzamentos de interesses estatais e privados da Capitania da Parahyba do Norte, eles hão de encontrar uma saída pela tangente que livre a cara e o bolso do “capitão do comércio” e seu sub-produto, o político do “caixa dois”. Por hora, lucro no xópingue das mangabas é o mesmo que carne de porco em hospital. Irônico e professoral, o compadre Ameba acunha: “abrir loja de rico em bairro pobre é feito assim tomar deliciosamente um suco chamado Noku”. Ouvido pela reportagem, um comedor de ovo todo dia abriu o jogo: “Aqui, o pobre quando quer comprar uma mercadoria, pega o buzão e vai pra praia, se exibir nos shoppins dos ricos, e os classe-merda que moram perto desse Shopping Mangabeira dizem que não são da galera do ‘bolsa família’ pra frequentar esses ambientes.”
Meu compadre poeta Jairo Lima indaga e quer saber: “com quantos pobres se faz um rico?” Outro responde: “No mínimo, dois milhões e quinhentos mil pobres para cada rico.” Conrado Marimon ataca de intelectual: “Leiam Pierre-Joseph Proudhon, ta tudo escrito na sua filosofia da pobreza.” Um tal de Roliúde Maike da Silva ataca de eleitor de Bolsonaro: “E quantos pobres um rico pode ajudar? Quantos empregos um rico pode gerar? Em contrapartida, quantos pobres outro podre pode ajudar?”
O certo é que, nos finais de semana, os moradores de Mangabeira City vão ao Shopping fazer um “bate e volta”. O estagiário de servente de pedreiro fica olhando e tirando fotos do que tem de bom nas vitrines do paraíso do consumo, sem nem sonhar que aquilo tudo “foi feito com seu suor, seu sangue e sua dignidade”, como garante o poeta Jairo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

MC lança edital para rádios comunitárias no Norte e Nordeste


Brasília, 17/02/2016 - O Ministério das Comunicações lançou edital para autorização de novas rádios comunitárias em municípios das regiões Norte e Nordeste do Brasil. O anúncio de seleção n° 89/2016, publicado na última segunda-feira (15/02), no Diário Oficial da União, é o terceiro do Plano Nacional de Outorgas (PNO) 2015/2016 de radiodifusão comunitária.

A seleção pública possibilitará a instalação de novas emissoras em 85 municípios nos estados do Acre (9), Amazonas (11), Maranhão (29) e da Paraíba (36). As entidades terão o prazo de 60 dias para inscrição na seleção pública, mediante apresentação dos documentos indicados na tabela 1 do Edital, que começou a contar a partir de ontem, 16, com o prazo final em 15 de abril de 2016.
Foi criado um e-mail institucional exclusivo para facilitar o atendimento aos interessados em participar da seleção. Pelo endereço eletrônico duvidasradcom@comunicacoes.gov.br, será possível esclarecer dúvidas sobre o serviço de radiodifusão comunitária, como instruir um processo de outorga e quais as proibições.

Também está disponível no site do MC uma cartilha eletrônica que esclarece pontos importantes do processo. Também é possível obter os formulários necessários, como o Requerimento de Outorga e Modelo de Manifestação em Apoio, já atualizados de acordo com a Portaria n° 4334/2015. 
A íntegra do edital pode ser obtida no Espaço do Radiodifusor, constante no site. 

Novos Editais

De acordo com a programação do Plano Nacional de Outorga de Radiodifusão Comunitária, mais seis editais serão lançados até o início de 2017, contemplando todas as regiões do Brasil. A previsão é de que 765 municípios de todo o País sejam beneficiados com novas emissoras.

Sobre almas, traças, livros e ciranda

Poeta André Ricardo
Estou envolvido com dois eventos para março, e já convidando os compadres e as comadres. Ocorre que ocorrerá a entrega do Prêmio Leonilla Almeida no dia 8 de março, homenagem anual que o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar presta às mulheres que tenham se destacado por suas ações em favor da coletividade e que influenciaram a vida de pessoas pertencentes a grupos vulneráveis da sociedade, ou que, através da arte, contribuíram para a valorização da cultura regional.  Neste ano, decidimos realizar o evento na cidade de Pilar, por dois motivos básicos: intenção de replicar em outras praças o que fazemos em Itabaiana deste 2009 e, também, porque na cidade Itabaiana do Norte nos faltou o apoio necessário para bancar uma infraestrutura mínima.
Dito isto e sem mais mi mi mi, escolhidas as figuras que receberão a homenagem pelo seu valor como pessoa humana dedicada ao bem comum, sou grato ao nobre confrade Evanio Teixeira, que estará presente como poeta da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, à amiga Andrea Ramos, ao companheiro Wilton Pontual e demais pilarenses envolvidos, na presunção de alguma utilidade para sua terra esse reconhecimento dos valores humanos da terra de José Lins do Rego, Zezita Matos, Frutuoso Chaves e Manoel Xudu, iguais a dona Odete Cirandeira, uma das homenageadas.

O outro evento é o Encontro das Traças com o Sarau das Almas, provavelmente no dia 18 de março no Café Cultural Sivuca, em Itabaiana. O encontro das traças é uma feira de livros produzida pelo poeta André Ricardo em João Pessoa. Em Itabaiana, será suavizada pela música e pela poesia da galera do Sarau das Almas. Feira de troca de livros a gente já realiza, através do Núcleo de Literatura do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Desta vez, um dos melhores poetas do seu tempo, André Ricardo, vai lançar seus livros e declamar seus versos, junto com o poeta Sander Lee e os demais cordelistas.

Para mim, será um prazer receber pessoas que também se dedicam, com paixão, a essa coisa de espalhar livros, cuidar de livros e montar experimentos voltados para a valorização da leitura. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016



ESTAMOS COM OS DIAS CONTADOS
Robôs sexuais estão sendo feitos para substituir os homens até 2025.
 * * * * 
Espera em fila para agendar aposentadoria chega a 60 dias na Paraíba (CBN João Pessoa). O cara passar dois meses numa fila pra dar entrada na aposentadoria, é de lascar o furico do barão de Porcidônio e da porca de Vitá! 
                                                               * * * * 
Justiça emite ofícios para bloquear iate, jatinho e residências de Neymar. Só estão liberados a carretilha, o carrinho e o chapéu.
                                                              * * * * 
Entre todas as minorias, os ateus (e por consequência também os agnósticos) talvez sejam aqueles que têm menor visibilidade e sejam mais facilmente atacados. Quero que seja respeitado meu direito de não ter religião.
                                                               * * * * 
“Eu não acredito em nada, nem no ateísmo.” – Ameba, o incrédulo.
                                                              * * * * 
“A lógica me diz que, por exemplo, o cristão que pede a seu amigo imaginário (Deus) para passar no vestibular, está pedindo para esse deus trapacear e tirar o lugar de um que estudou mais e dar para ele que bajulou esse deus. Ao final, "Deus é fiel" significa isso.” – Jorge Titi.
                                                              * * * * 
“É hipocrisia alguém praticar uma boa ação não como algo espontâneo, mas por medo de uma punição extramundana ou para receber alguma benção divina.” – Francisco Fernandes. Eu acrescentaria que é uma canalhice fazer favor aos outros em troca de votos.
                                                              * * * * 
Madame Preciosa pede para ser ouvida na Lava Jato e abre sigilos fiscal e telefônico, abre ainda a blusa, o zíper, as pernas e a mente suja.
                                                             * * * * 
No México, Papa pede perdão aos povos indígenas, mas não promete restituir as terras roubadas pela Igreja.
                                                             * * * * 
Galera foi ouvir a banda Pau de Dar em Doido, no fim levou pau da polícia por não querer pagar a passagem do ônibus/navio negreiro em João Pescoço.
                                                             * * * * 
O poeta pilarense José Augusto de Brito escreveu um livro chamado “Pingolenço, um tributo à arte”. Sobre um artista de Itabaiana que foi gênio, pouco reconhecido em sua terra.
                                                           * * * * 

Taxistas investem em cooperativa só com mulheres ao volante no Pará. Esta é a primeira cooperativa totalmente feminina do Estado. Elas garantem que costumam ser mais prudentes e atenciosas no trânsito. Seria uma cooperativa sexista?


                                                          * * * * 

Em Itabaiana do Norte, terra do artista Otto Cavalcanti, não tive apoio para fazer exposição de suas obras. Talvez aconteça na Fundação Casa de José Américo, dirigida pelo poeta Damião Ramos Cavalcanti.
                                                          * * * * 
Meu irmão passou a vida toda pagando um plano de saúde. Quando precisou para operar a coluna vertebral, foi negado o patrocínio. Teve que entrar na Justiça para liberar o procedimento. Precisamos reinventar um país decente para nossos netos.
                                                           * * * * 
Recebi um áudio com forte denúncia envolvendo um vereador da região do vale do Paraíba. Estou trabalhando na matéria, tentando ouvir o outro lado, como manda o bom jornalismo.




segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Pequenas reflexões sobre meu blog e minha mania de correr perigo


Este blog já deu o que tinha de dar, no quesito acesso. Quase ninguém lê o que aqui se escreve, o que considero sensato porque o mundo moderno não admite perca de tempo com amenidades pseudo literárias. Se bem que a Toca caiu nas graças de meia dúzia de amigos velhos, leitores diários que andam reclamando da falta de assiduidade. Dia sim, oito não, volto à Toca para tocar algumas besteiras e manter o charme, em consideração a esses amigos e amigas. Tudo se pode fazer na base da amizade.
Acho que os blogs foram engolidos pelas tais redes sociais. Vivemos na era da instantaneidade. Tudo tem que ser breve. Os tuiteiros não suportam ler mais do que cinco ou seis linhas. Somos pequenos grupos de leitores, cada vez mais escassos, os que ainda praticam aquele carnaval-solo de um livro nas mãos e uma rede ao vento, sem se importar com a profundidade dos conteúdos. Pelo contrário.
Mudando de via, quero aqui deixar registrado um quase acidente que sofri com minha bicicleta. Eu parado no cruzamento, esperando o trânsito amenizar para atravessar a rua. Calculando mal, arranquei em minha bike, no que quase fui esmagado por um ônibus. Consegui retornar ao ponto de partida, mas não evitei que um carro vermelho passasse por cima da roda traseira do meu transporte. Felizmente, eu estava fora do selim. Isso foi no Parque Solom de Lucena, onde a Prefeitura anda promovendo reformas para melhorar a tal da mobilidade, mas esqueceu de oferecer algum espaço para esses pobres diabos que se locomovem de bicicleta.
Tenho a clareza de perceber o preconceito dos motoristas com os ciclistas. Já disse aqui e repito: temos duas figuras que andam com as magrelinhas. Uma delas é o cara montado em seus apetrechos esportivos, sua bike caríssima de alumínio, seu capacete vistoso, colorido, sinalizando que ali vai um esportista de classe média. O outro cara da kalanga é o trabalhador comum em sua bicicletinha barata, uma camela comprada na feira de Oitizeiro, mais despojada do que sala de reboco no sertão. O primeiro circula nas rodovias, com sua prática esportiva, geralmente em grupos. O segundo ciclista anda pelas ruas, disputando espaço com os automóveis e motocicletas. Geralmente, morrem na contramão “atrapalhando o tráfego”, como na canção de Chico.  
Sob protesto dos motoristas, prossigo pedalando. Não posso andar a pé por causa da artrose nos joelhos. A bicicleta é minha cadeira de rodas. Entre viver sedentário e fazer roleta russa todos os dias no trânsito de João Pessoa, escolhi viver perigosamente. O índice de perigo que o ciclista corre é alto. Defendo esse tipo de transporte como uma coisa que pode mudar a vida das pessoas e da cidade. Seremos mais respeitados quando mais gente “respeitável” andar de bicicleta. Em vez de promover cenas ridículas como inaugurar ventilador em escola, por exemplo, o prefeito Luciano Cartaxo poderia andar de bicicleta nas ruas para sinalizar sobre a importância da ocupação das vias por este meio de transporte.

O óbvio: o aumento do uso de bicicleta no trânsito diminui não apenas a fatalidade dos acidentes envolvendo ciclistas, mas outros veículos também. Ou seja, trocando o uso de veículos motorizados por bicicletas, todos ganham.