sábado, 7 de novembro de 2015

POEMA DO DOMINGO


Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia

Do nobre tronco Almeida
Família tradicional
Nasceu Francisco Joaquim
Trazendo material
Genético excelente
Fecundo em arte e moral.

Seu pai era Zé de Zino
Um pacato agricultor
Homem honesto e recatado
Sério e trabalhador
Orgulhoso da linhagem
Tronco edificador.

Virtudes familiais
De qualidade anormal
Exemplo: mestre Sivuca
E seu som excepcional
Entre outros talentosos
De virtude natural.

Francisco cresceu qual cedro
Que é pau de grande porte
Na consciência e no corpo
Ramificou seu suporte
Com invulgar intelecto
Foi vislumbrando seu norte.

Estudando as relações
E cadinho cultural
Das populações rurais
Sobrevivendo tão mal
Manifestou pensamento
De cunho e tom social.

Tendo uma sua parenta
Como referencial
A Leonilla Almeida
Que foi presa em Natal
Na “intentona comunista”
De desastrado final.

Pela década de 30
Era a nação brasileira
Abalada em sua base
Por uma forte bandeira
De justiça e pão na mesa
Isso de qualquer maneira.

Leonilla e Ephifânio
Seu esposo e companheiro
Lutaram nesse levante
Por um Brasil brasileiro
Por justiça social
Sem pressão do estrangeiro

Foram presos, torturados
Nos porões do Estado Novo
Nas mãos de Getúlio Vargas
Falso defensor do povo
Seu poder absoluto
Da serpente foi o ovo.

Leonilla na prisão
Na Ilha Grande detida
Com a famosa Olga Benário
Teve essa parte da vida
Citada em literatura
Séria e comprometida

Do mestre Graciliano
Em livro sobre a prisão
Desses heróis brasileiros
E sua tribulação
Nas masmorras do regime
Que violou a nação.

Igual à sua parenta
Chico nunca esmoreceu
Na briga por esse mundo
Que um dia concebeu
Pelos direitos humanos
Sua vida ofereceu.

A história de Carlos Prestes
“Cavaleiro da esperança”
Foi seu estudo primeiro
Ainda quando criança
Preparando a consciência
Enquanto na luta avança.

Já na fase de estudante
Deu-se a revelação
Do tribuno corajoso
Sem qualquer vacilação
Peito aberto e generoso
Contra qualquer má ação.

Militou no movimento
De estudante secundário
No começo de 60
Um decênio incendiário
Onde o jovem construiu
Seu discurso refratário.

Seu compromisso e mister
Se perdia até de vista
Voltado para o futuro
De generosa conquista
Conforme seu pensamento:
Era o poder comunista.


(Do folheto inédito “Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia”, de Fábio Mozart – Continua no próximo domingo)

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