terça-feira, 20 de outubro de 2015

Som da feira

A feira continua rendendo produção cultural. Depois do lançamento do meu folheto a quatro mãos, “A peleja de Sander Lee com Fábio Mozart na feira de Itabaiana”, surge o CD “Som da feira”, do Arnaud Neto, que se queixa de que é neto do meu pai Arnaud e filho meu.


O CD é composto de 10 cantigas nordestinas, aliás, nove. A outra é Ave Maria de um cabra chamado Johann Sebastian Bach, com a voz de Arnaud Neto e solos do seu saxofone tenor já famoso na praia do Jacaré em Cabedelo, onde toca o Bolero de Ravel diariamente, ao cair das tardes.

Som da Feira é um produto fora do mercado, com uma tiragem pequena, só para os fãs do músico. Quem quiser um exemplar, pode me pedir pelo e-mail mozartpe@gmail.com

Uma enxurrada de CDs de músicos da terra estão disponíveis nas prateleiras das lojas especializadas, as raras que ainda insistem em permanecer na praça. Os caras disputam o mercado com as bandas picaretas do forró de plástico e os pagodes da vida. Claro que, sem trabalho de divulgação e sem uma produção decente, ótimos trabalhos ficam ignorados pelo público. No rádio, só toca se pagar jabá, caríssimo.
O público de Arnaud Neto é muito específico: os turistas que assistem seu show todas as tardes nos bares do Jacaré e em outros eventos. Os CDs dele não encalham na prateleira porque não existe prateleira para eles. São vendidos para os gringos principalmente, que vêm curtir nossas belezas e acabam esbarrando nos nossos talentos. O disco vende quando se passa o chapéu, em bares e outros locais públicos como os ambientes de feira. Por isso o nome, “Som de feira”. No contrabaixo, outro garoto de minha prole, o Maximilien Mozart, também músico profissional.

Não é por carregar meu DNA, mas Arnaud Neto é um músico completo. Toca sax tenor, soprano e alto. Toca flauta, cavaquinho, violão, teclado e percussão. Vive profissionalmente de música. Não vive bem, porque não basta ter talento. O mercado é restrito e cruel. Toca-se uma noite inteira por um cachê ridículo. É preciso ser apaixonado pelo som, ter sensibilidade e disciplina.

O sonho dele é sair do Brasil, tocar nas ruas das grandes cidades dos Estados Unidos. Ganha em dólar, muito mais do que se ganha aqui em ambientes luxuosos de casas de recepção onde os músicos entram pela porta de serviço e são tratados como os garçons, com todo respeito que merece o garçom.


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