quinta-feira, 1 de outubro de 2015

No aniversário do meu pai...

(Foto: Jacy Mendes)

Lembro de sua vendinha chamada “Compre bem”, uma bodega no antigo mercado público de Itabaiana, que não deu certo porque ele vendia tudo fiado aos amigos e não recebia.

Lembro de outra tentativa de pai ganhar a vida, vendendo cereais na feira de Itabaiana. Eu e meu irmão acordávamos de madrugada para “botar” o banco. Pelas mesmas razões, o negócio não prosperou. Meu pai nasceu pra dividir, não pra somar patrimônio.

Lembro quando ele advogava sem receber nada, mesmo porque os constituintes nada tinham de seu, apenas o infortúnio de ser pobres e desvalidos.

Lembro do seu amor pelo União Esporte Clube e pela Escola de Samba Imperadores do Ritmo, e da veneração pelo seu Santa Cruz.

Lembro do seu desvelo pelos filhos e do grande orgulho por não ter procriado nenhum malfeitor, tirânico ou pervertido.

Lembro das partidas de dominó, das cervejas com os amigos, do amor pela ciência do Direito.

Lembro do Escritório de Advocacia Sobral Pinto, onde ele recebeu um dia o sanfoneiro Luiz Gonzaga, que soltou a frase ainda hoje lembrada: “Dr. Arnaud Costa, no dia em que eu for preso, você será meu advogado. Não tem defensor melhor: de graça, com graça e competente!”.

Lembro de tantas coisas...

Meu pai foi assim uma espécie de padrinho dos excluídos, dos descamisados, dos sem destino.

Feliz aniversário, “mestre Arnaud das minudências”, como diria Marcos William de Oliveira, seu ex-pupilo e hoje Juiz de Direito na capital da Paraíba do Norte.


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