quinta-feira, 30 de julho de 2015

Caia na real: você não é tão essencial!

Nem sempre se faz a leitura correta das diversas correlações de força que equilibram a vida

“Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão fundamental assim, que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo.” Isso eu li em portal na internet. Tomo pra mim esse recado, que estou de partida. Acho que já vou indo, já dei minha contribuição, fui compreendido por alguns, de outros sofri a intolerância e o sarcasmo próprios de uma certa incivilidade que compreendo e deixo de menos. O importante é que emoções eu vivi, conforme a canção de um certo “rei” de uma juventude ultrapassada.

Autocríticas faço-as agora, sem nenhum problema. Não fui capaz de mobilizar melhor a galera, falharam minhas ações para estimular o grupo e sustentar a peleja. Faltou competência, nunca empenho e dedicação. Plena convicção de que construímos algo, talvez nem tão concreto e evidente. Isso é reconfortante e alivia os passos do meu retrocesso.

Peço desculpas por algum deslize e até a próxima vez. Agradecendo pelos risos, pela reflexão e pela alegria de construir coletivamente ações culturais tão marcantes para tanta gente. Desde o jovem transgressor que aprendeu novas facetas na vida através da música até o mestre que voltou a compreender a dinâmica da existência, ensinando e assimilando lições através da arte.

As amizades vão continuar. De longe, fico torcendo para que o grupo continue sempre na busca da simplicidade e dignidade do fazer cultural, com humildade e prazer. Estou escrevendo um livro sobre nossas experiências, vai se chamar “Cantigas de despertar”. Nele, todos vocês serão citados com seus melhores momentos nessa nossa aventura pontista. Espero reencontra-los mais felizes e realizados com nossos projetos que ainda irão frutificar. Acredito nisso.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Meu conterrâneo é ouvinte do programa “Alô comunidade”

Alô Fábio Mozart:

Sou filho de Doca da Malária, muito amigo do seu pai Arnaud Costa. Ele ia muito lá em casa, em Campo Grande, distrito de Itabaiana. A gente morava vizinho de João Quirino, líder político da cidade (MDB). O saudoso João Quirino era vereador e seu Arnaud fazia campanha política.

Manoel Xudu poeta é primo do meu pai, que é nascido em São José dos Ramos. Atualmente moro no conjunto Ernesto Geisel em João Pessoa, próximo à casa do amigo Beto Palhano. Uma vez tomei umas com você e Palhano no bar de Osvaldo e também no bar de Domingos, no mercado do Geisel. Sempre escuto todo sábado o programa “Alô comunidade”. Meu nome é Lima. Quando encontro com Palhano sempre falamos sobre você. Ele me prometeu um livro seu que fala de Itabaiana.

Um grande abraço para toda família.

Lima


CÉU DA POESIA


Thiago Alves:

Todo homem bem do siso
Será bem aventurado
Quem põe a mão no arado
Olhar pra frente é preciso
Vou voltar pro Paraíso
Pois, vim de lá aliás
Conforme mostra os anais
Fui criado sem maldade
Depois da eternidade
Ninguém se concerta mais

Aqui na vida terrena
O tempo passa depressa
Quem essa vida atravessa
Sem Deus é de causar pena
Está preso numa arena
Morte na frente e atrás
Leva uma vida sem paz
Como preso atrás da grade
Depois da eternidade
Ninguém se concerta mais

Examine com perícia
Donde vem as criaturas
A matéria, as estruturas
Tudo que se tem notícia
Se essa obra é fictícia
Ou se tem Autor por trás
O Poder que fez, desfaz
Segundo a sua vontade
Depois da eternidade
Ninguém se concerta mais

Quem não crê na vida eterna
Nem Inferno e Paraiso
Nascer de novo é preciso
Pra sair dessa caserna
Vive preso na caverna
E as chaves com Satanás
Só Jesus pode e é capaz
De pô-lo em liberdade
Depois da eternidade
Ninguém se concerta mais

F. Mozart:

Respeito seu argumento
E o seu apostolado
Porém fico do meu lado
Esperando provimento
Uma foto, um documento
Que comprove o “paraíso”
Porque provar é preciso
Ou é questão só de fé
Abstração, é o que é
Esse seu céu impreciso.

Não há fato ou evidência
Nem de céu nem de inferno
Conforme estudo moderno
Da confiável ciência
Não existe consistência
Nesse conceito abstrato
É fantasia, de fato,
E promessa comovente
Pra confortar quem é crente
E doutrinar o beato.


terça-feira, 28 de julho de 2015

Saudações poéticas


Pincéis mágicos e vida longa
Saudou-me Fabio Mozart
Também quero lhe saudar
Vida saudável e mais longa
Como canta a araponga
Seu cantar seja inda mais
Entre rádios e jornais
Usando pena e papel
Prosodiando o cordel
Enriquecendo a cultura
Eu peço ao Deus de candura
Que te leve para o céu.

(Thiago Alves)

Não quero viver ao léu
Como cachorro sem dono
Ou solitário colono
De inóspito ilhéu
Mas levo como troféu
Amizade verdadeira
Porque sei que é besteira
Esperar o paraíso
Aqui mesmo é que eu preciso
Da benção do meu irmão
Contida na saudação
Que espiritualizo.

(Fábio Mozart)

segunda-feira, 27 de julho de 2015


DEU PÂNICO

Deu pânico no meu computador, conforme diria o velho Sonsinho. Com as chuvas noezeiras de ontem pra hoje, o processador de texto parou de funcionar. Estou escrevendo essas mal digitadas linhas direto na postagem do blog.

Quase ninguém mais visita blogs, depois do Facebook. Mas peguei a mania de atualizar essa Toca, quando nada pra exercitar os dedos e suas artrites. 

E aí, como vai todo mundo? Notícias? Ainda estamos querendo mudar o mundo. Ou pelo menos a nomenclatura de bairros e viadutos. A galera da Sociedade Cultural Posse Nova República, do bairro Ernesto Geisel, quer mudar o nome do lugar. Cuiá é o nome escolhido. Um bairro ao lado, e um rio que corre melancolicamente na região, atolado de lixo. Também vão peitar o governador pra trocar o nome do viaduto que estão construindo lá. O mandatário vai botar o nome de Eduardo Campos, seu amigão de Pernambuco morto no avião. A galera quer homenagear o maestro Vilô, morador do Geisel e grande artista já desaparecido. É a briga da política contra a arte. Imagina quem ganha no final? Sobre o nome do conjunto habitacional, ninguém sabe quem foi Geisel, nem quer saber. O alemão ditador vai continuar perpetuado naquelas quebradas, na galeria dos outros generais e marechais nomes de ruas e bairros dessa João Pessoa tão bajuladora dos poderosos que mudou seu próprio nome para imortalizar esse João, morto em 1930. 

O que eu tenho a ver com isso? Sou secretário da Sociedade Posse Nova República e meu dever é registrar esses sonhos da galera, para ficar tudo etc e coisa e tal, oficializar as quimeras e ilusões dessa turma. 

Boa segunda pra você, caro amigo e prezada comadre que me lê.  

domingo, 26 de julho de 2015

POEMA DO DOMINGO




CANAL VINTE

Olhei atrás, para as coisas passadas
Tentando avaliar quais os meus méritos.
Que fui ao longo dos tempos pretéritos?
Incompetente construtor de nadas.

A vida, companheiro, é o seguinte:
Construa coisas só materiais
Ou fique só, para curtir seus ais
Ou ligue, como eu, pro canal vinte.

O canal vinte é inusitado
Única forma de fugir ao tédio
Mesmo não sendo o pior remédio
Você não ouve nem é escutado.

Não tendo, pois, que fale ou lhe conteste,
Fique curtindo essa fuga boçal
Se bem não faz, também não causa mal
A quem não quer fazer coisa que preste.

Antonio Moury Fernandes

(Do livro ESSE BANDEPE ARRETADO E SEUS BANCÁRIOS MARAVILHOSOS, de Erasmo Souto)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Peguei uma briga com um sujeito mofino na feira de Itabaiana que saiu na imprensa vuco-vuco

A imprensa “vuco-vuco” é a prensa do meu compadre Pádua Gorrión de Itatuba, folheteiro moderno que editou o cordel “Peleja de Fábio Mozart com Sander Lee na feira de Itabaiana”, dando notícias desse embate poético saudosista desses dois bacanas, eu e o “afro-oriental” Sander, conforme designação do compadre xilográfico Josafá de Orós.

O lançamento do folheto dar-se-á nas próximas luas na mesma feira, debaixo da empanada do projeto “Livro na feira” do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Vou levar compadre Francisco Diniz de Santa Rita e suas pastoras da melhor idade para cantar toada com as meninas do Ganzá de Ouro do “Cantiga de Ninar”.

A gente dá um mergulho nessa histórica feira de Itabaiana do Norte, passando pelas comidas, os cheiros, as figuras, os sons de rua, os mangaios, os cabarés e episódios que marcam aquela que foi a maior feira livre do Nordeste, maior até que a famosa de Caruaru.

De quebra, ainda dou uns tapa-olhos no meu oponente que retribui com malcriações na tradicional peleja. É folheto pra entortar o semi-eixo do Fenemê, segundo o mesmo Sanser Lee costuma dizer. Quem quiser ler, pode pedir que eu envio de graça e ainda agradeço, porque minha missão e a dele é divulgar o cordel redivivo com as conquistas tecnológicas, sem sair daquela linguagem própria, mas evoluindo e sobrevivendo pela dedicação cultural de tantos, entre eles nossos confrades da Academia de Cordel do Vale do Paraíba.


quarta-feira, 22 de julho de 2015

SESC abre inscrições para oficinas de cordel com 

poetas de Itabaiana


Já se encontram abertas no Sesc Centro João Pessoa as inscrições para a primeira etapa do Sesc de Letras, projeto cultural que nos últimos dois anos vem mobilizando nomes consagrados e novos valores do movimento literário paraibano.
O poeta cordelista Fábio Mozart participará da segunda etapa, nos dias 10 e 11 de novembro, ministrando a oficina “História da Literatura de cordel brasileira e regras para identificar um ‘bom cordel’, observando elementos como métrica e rima”. Com o avanço da tecnologia e das mídias, faz-se necessário o resgate do impresso popular e dos cordéis, para a valorização dessa centenária forma de expressão regional e também a divulgação de entidades dirigidas a esse tipo de produtores culturais da área, diz o release do Sesc de Letras. A oficina será realizada no auditório do Sesc Centro, em João Pessoa.
Outro poeta itabaianense, Sander Lee, que presidente a Academia de Cordel do Vale do Paraíba, também fará oficina nos dias 26 e 27 de agosto, das 14 às 17 horas.
As pessoas interessadas podem efetivar inscrições no Setor de Cultura do Sesc, que fica situado à Rua Desembargador Souto Maior 281, Centro João Pessoa. Fones: 32083158/99960183
A curadoria dos projetos foi desenvolvida pelo atual secretário de cultura de Sapé e ex-diretor do Memorial Augusto do Anjos, Jairo Cézar, e a coordenação é de Chico Noronha.
“Otto Cavalcanti com su amigo Fabio Mozart en João Pessoa em noviembre de 2010 – Actualmente (2015) Fabio Mozart esta preparando en Paraiba uma exposicion com obras inéditas de Otto Cavalcanti. Esperamos el apoyo de las autoridades paraibanas para que esta exposicion se lleve a cabo com el êxito que merece y que sirva de referencia a las nuevas generaciones de paraibanos.


Margarita Solaris Pascual


terça-feira, 21 de julho de 2015

Movimento Nacional dos Sem Vontade


Em cima desse planeta azul do sistema solar vivem dois bilhões de pessoas que não querem fazer nada. Por não ter o que fazer e nem vontade, esse pessoal, uma parte dos tais desocupados, criaram o Movimento Nacional dos Sem Vontade. Trata-se do primeiro movimento social sem mobilidade alguma. De moto-próprio, os sem vontade não acionarão a motricidade em nenhum caso. Tudo paradão, é a palavra de ordem.

Ah... mas também tem os teóricos do movimento. Em um certo dia de meia apatia, um dos líderes escreveu o manifesto:

A sociedade brasileira viveu anos e anos de dominação dos com vontade. Isso impossibilitou que os preguiçosos, depressivos, vagabundos e indiferentes tivessem o direito fundamental de mandar tudo à merda e dormir sossegados. Por essa razão, faz-se necessária uma mudança na ordem das coisas que contemple os que não estão nem aí, os alienados, os desligados e apáticos. Por políticas especiais que facilitem o direito de todos de ficar na sua, sem ser chamado de coxinha, reacionário e retrógrado.

O Movimento dos Sem Vontade declara-se solidário ao Movimento dos Inimigos dos Pagodeiros e Afins, Movimento Peristáltico e Movimento Uniformemente Variável, ao mesmo tempo em que acusa o Movimento Mais ou Menos Parados, uma dissidência dos Sem Vontade, de tentar dividir a pasmaceira.

“Nós só queremos o direito de ter acesso ao controle remoto da TV e desligar o mundo”, diz um dos ativos militantes. Ativos, é força de expressão. “Nossa plataforma é tão evidente que nem precisamos nos levantar da rede para explicar. Daqui a uns 500 anos, ou mais, a humanidade terá compreendido nossas teorias, ou não. Uma pequena minoria apática deverá comandar o mundo, depois que todos começarem a desempenhar os seus papeis históricos na vida: comer, dormir e ler porcarias como esse blog do Leão”, assinala desatentamente um militante. “Quanto mais sofisticadas e civilizadas forem as pessoas, mais capazes serão de ficar à margem do rio, sem intervir no seu curso”, filosofou. 

domingo, 19 de julho de 2015

Leão anda descartando “amigos da onça”


A galera do "faz de conta". Eu com Jacinto, Marcos Veloso e Thiago Alves. Veloso escreveu uma peça chamada "No mundo do faz de conta" e Jacinto é o intérprete.


Aos sessenta anos, o sujeito não pode perder os poucos amigos que lhe restam. Corre o risco de morrer sem ter quem lhe pegue na alça do caixão. Por essa razão, estou sendo condescendente com meus poucos camaradas. Se a gente consegue fazer novas amizades, dessas sólidas e bem conforme nossos princípios e formas de ver o mundo, aí já é gol de placa.  Sempre fui meio estranho nesse lance de círculo de amizade. Os parceiros de mesa de bar e alguns raros colegas de infância se resumem a uma meia dúzia de três ou quatro. Faz parte do meu caráter um certo isolamento. 

Morando em João Pescoço há mais de dez anos, aqui conheci uns cabras e umas cabritas mais ou menos, de sorte que acrescentei à minha lista de amigos figuras como o baiano velho Dalmo Oliveira e sua querência Fabiana, o ator Jacinto Moreno, o radialista Ricardson Dias e quem mais?  Não lembro de mais ninguém que eu possa chamar de amigo, aquela pessoa com quem você compartilha uma grande novidade, uma grande piada, uma grande cena, uma grande sacada ou um insignificante e prazeroso simplesmente jogar conversa fora que quebre um pouco sua solidão filosófica-existencial-comunicacional. Os demais conhecidos são de outras eras, aqueles e aquelas cujas vidas seguiram em paralelo e hoje somos próximos, vivendo na mesma cidade e mantendo a mesma amizade datada de mais de quarenta anos, em média. 

Manter as amizades é uma arte. Do meu jeito um tanto chato, vou conservando esse clube restrito. Olho em volta, percebo o distanciamento normal da nova geração. Cada um com sua galera, é a ordem natural das coisas. A minha gloriosa geração começa a dar sinais de perda do brilho, aproximando-se perigosamente do último minuto do segundo tempo. Urge manter o time unido para não sair de campo desacompanhado.

Por outro lado, o apreço que se tem por um colega de muitos anos também se acaba. Dia desses mandei às favas um sujeito de minha terra, conhecido desde quando éramos muito jovens.  O pulha procedeu de forma canalha, mostrou-se calhorda e velhaco. Aliás, não mostrou esse seu lado safado, apenas reafirmou. É preciso desculpar os semelhantes por suas eventuais falhas de caráter, mas esse cara me encheu as medidas e decidi desconvidar o bicho para meu enterro. Também não é bem vindo onde eu estiver, seja num recinto público ou privado. Tirei do Facebook e da minha lista de companheiros. 

É como diz o comediante Xoxola: “Vê se me esquece, carniça!”

POEMA DO DOMINGO




PERNA DE PAU

La vem Miro do Babau
em sua perna de pau.

Ao seu redor, pairam estultos
que não decifram esses vultos.

Não vivem nesse universo
ao som de sonho disperso.

Lá vem Miro do Babau
em percurso acidental

viajando a passeio
sem premência e sem custeio.

Diz uma lenda chinesa:
deuses elegem a pureza.

Diz um brocardo civil:
o espontâneo e pueril

sobe a montanha da vida
em liberdade assistida

celebrando sem pudor
o tal gozo transgressor.

F. Mozart