domingo, 10 de maio de 2015

POEMA DO DOMINGO


Jorginho

 

Jorginho

Ainda não nasceu,

Ta escondido, com medo

No ventre da mãe.

Quando chegar

Não vai encontrar pai,

Que saiu pra trabalhar

E nunca mais voltou

Pra jantar.

No barraco em que vai morar

Cabem dois,

Mas é com dez

Que vai ficar.

Sem ter o que mastigar

Nem leite para beber

Vai ter a barriga inchada,

Mas sem nada pra cagar.

Não vai para a escola,

Não vai ler nem escrever

Vai cheirar cola

Pedir esmola

Pra sobreviver.

Não vai ter sossego,

Não vai brincar.

Não vai ter emprego,

Vai camelar.

Menor carente,

Vai ser infrator

Com voto de louvor,

Delinquente.

Não vai ter Páscoa

Não vai ter Natal

Se for esperto, se mata

Com o cordão umbilical.

 


Sérgio Vaz

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