sábado, 7 de março de 2015

POEMA DO DOMINGO


Quadrão da brasileira

Nem perfume, nem beleza
De nossa falsa nobreza
Nem o brilho de alteza
Dessa civilização
Pesadelo de nação
Que extinguiu a brasileira
Exponho na régua inteira
Nos oito pés de quadrão.

Nem amélia, nem guerreira,
Essa mulher brasileira
Não saiu dessa besteira
Da costela de Adão.
Não passou pano de chão
Na sala de nossa história
Mas perdeu sua memória
Nos oito pés de quadrão.

Não é coluna da casa
Sua dor não extravasa
Não é anjinho com asa
Nem divina criação.
Essa mulher do sertão
Seguiu rumo diferente
Foi morrer no sol poente
Nos oito pés de quadrão.

Estuprada, esquartejada,
Com a cultura massacrada,
Diluída, desprezada,
Como etnia do cão
Sem saúde e educação
Segue na trilha da morte
Sem ação que lhe conforte
Nos oito pés de quadrão.

Cunhã-porã é teu nome
Resistência é cognome
Nessa dor que te consome
Vivendo na escravidão
Esse emblema da nação
Sem espaço feminista
Em cultura comodista
Nos oito pés de quadrão.

F. Mozart



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