terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Bora cair na estrada?




De tempos em tempos, retomo um projeto há muito acalentado: o de percorrer a Paraíba em visita às pequenas cidades onde funcionam rádios comunitárias, conversar com os caras que atuam nessas emissoras, conhecer as histórias de superação para montar essa mídia tão perseguida e incompreendida. Em Soledade, sertão paraibano, uma rádio comunitária já foi queimada por três vezes. Comentando o caso, colega nosso apelou para o humor de tom acinzentado: “é uma rádio churrasco.”

Queria influenciar a imaginação de alguém para me acompanhar nessa peregrinação, conseguir algum recurso e pegar a estrada, sem rumo certo, conhecer recantos dessa Paraíba velha inimagináveis para o turista normal, fugir das rotas convencionais para dar de cara com pessoas, lugares e fatos inesperados, charmosos, engraçados, comoventes, bonitos e misteriosos que há por aí, em cidadezinhas insuspeitas. Mas, falta grana, equipamento, apoio logístico, patrocínio. 

Então começa o novo ano, planos velhos saindo das gavetas da mente, vontade de realizar repassados sonhos, planejamento começando na imaginação, e a triste constatação de que, cada dia mais, vamos ficando mais impotentes e limitados. É como eu digo: essa vida nos oferece um serviço de quinta para gente de primeira, mas é porque não somos exigentes, não conseguimos sair do real imprestável, ordinário e banal, para o sonho que, afinal, é o que torna a vida decente e com propósito. 

Leonardo Boff nos lembra que “ainda há lugar para a esperança e a auto estima”. Sempre há tempo para a invenção de um novo estilo de vida. Neste 2015, completo 60 anos de idade e 42 anos que saí da Paraíba com uma mochila nas costas para conhecer o Brasil a pé. Cheguei até Manaus, quase morri de fome e malária nos garimpos do fim do mundo, nesse Brasil perdido dos confins do Pará e Maranhão, virei hippie e conheci as periferias empobrecidas, a diversidade cultural dos ignorados de um país desconhecido. Tenho vontade de retomar essa aventura, em grau muito menor, claro. Só desejo ir até ali, nas bordas da Paraíba com os contornos de Pernambuco e Ceará, investigar um pouco essas experiências de dar voz a quem nunca teve voz. Bora?

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