sexta-feira, 13 de junho de 2014

Apontamentos para a história do coreto de Itabaiana (2)

Jovens do “Som do coração”, do Ponto de Cultura, tocando no coreto

Em 2002, o Governado de então, Roberto Paulino, atendendo ao prefeito Babá, enviou pedido de restauração do coreto para a Subsecretaria de Cultura, que por sua vez encaminhou o documento à Superintendência de Planejamento do Estado. Isso foi em 25 de abril de 2002. Pediam urgência no atendimento do pleito, já que em 24 de maio o Governo do Estado estaria se instalando em Itabaiana, quando Sua Excelência planejava visitar as obras de restauro do coreto, tombado pelo Patrimônio Histórico sob Decreto nº 8.660, de 26 de agosto de 1980, “portanto, constituído de toda legalidade para sua restauração”. O governador Roberto Paulino saiu do Governo sem passar nem perto do coreto.

Em abril de 2003, o prefeito de Itabaiana, Sebastião Tavares, Babá, mandou ofício para o professor José Octávio de Arruda Melo, então Diretor Geral do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, encaminhando documentos que mostravam o real estado de degradação do coreto e pedindo parceria para a restauração do maior patrimônio histórico da cidade.

José Octávio respondeu em maio, informando que o IPHAEP vinha dando ênfase a uma “filosofia municipalista, com ações comuns nas cidades, em parceria com as prefeituras e promotorias”. Pediu ao prefeito que procurasse formar um Conselho de Preservação Histórico-artístico na cidade, bem como não autorizasse nenhuma construção ou intervenção física em imóveis ou monumentos cadastrados ou tombados no Município.
Dois meses depois, José Octávio voltou a escrever para Babá, o prefeito, comunicando que o Governador Cássio Cunha Lima “continua vivamente empenhado” em estabelecer parceria com o Município para restaurar o coreto e outras ações de preservação. Ele queria que as prefeituras operassem a conservação do seu patrimônio histórico, com a co-participação da sua entidade. Para isso, o Governo estava promovendo um curso para agentes culturais para o patrimônio. Pediu que a Prefeitura de Itabaiana enviasse dois representantes para participar do curso, “assumindo R$ 180 reais de cada um para hospedagem durante os cinco dias de curso”. Essas pessoas deveriam ser “dinâmicas, que tenham liderança e sejam envolvidas com o turismo”. O bom seria enviar professores, historiadores ou representantes de associações locais, recomendava o IPHAEP. Pelo visto, a Prefeitura não encontrou ninguém com esse perfil para participar do curso, muito menos foi formado o Conselho de Preservação. Na gestão seguinte, da prefeita Dida Moreira, veio abaixo o histórico prédio onde funcionou o colégio de Marieta Medeiros, ícone da educação na cidade.

Finalmente, foi assinado um protocolo de intenções para celebração de convênio entre o Estado e a Prefeitura para recuperar e restaurar o coreto. O convênio ficou no valor de R$ 77.660,78. A planilha orçamentária foi feita naquela velha base do “joga pra cima pra ver se cola”. Só para o “bota fora” das metralhas da obra cobraram R$ 823 reais. Enfim, foi realizada a reforma.


Dez anos depois, o coreto está novamente precisando de um trato. Atualmente, serve de abrigo para famílias sem teto. No dia 24 de maio, quando completou cem anos, o velho coreto não mereceu maiores comemorações. Os meninos da oficina de violão do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar ainda estiveram por lá, prestando tributo à nossa memória cultural.  

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