quinta-feira, 4 de abril de 2013

Professor de cidadania

Professor Severino Lourenço


John Steinbeck escreveu que “o homem está só no mundo, e, sozinho entre os seus irmãos, não encontra conforto em parte alguma”.  A gente se olha no espelho todo dia e vê aquele rosto sem nenhum brilho e sem perspectiva. Outras vezes, nas noites insones, batem aquelas indagações cruciais da existência humana: o que estou fazendo aqui? Que missão indefinível e imponderável terei que cumprir? Muitas vezes nosso rosto aparece entre a esperança e a desesperança no espelho.

Tem gente que pensa: preciso esclarecer o sentido da vida. E sai por aí consumindo, arrotando grandeza, passando por cima dos outros, debochando dos mais tímidos. Outros procuram diferenciar o homem de um cão selvagem e constroem suas vidas numa escala de valores onde o semelhante é a razão principal de suas ações. Essa é a atitude desse homem simples de Itabaiana, professor Severino. Ele conquista pedaço a pedaço o direito de se olhar no espelho e respirar um ar de satisfação pessoal por fazer sua parte. Mestre em matemática, pensou um dia: por que não ensinar essa matéria tão ameaçadora para os estudantes, e dar uma chance para que os jovens de minha cidadezinha pobre e sem futuro possam sonhar em passar naquele concurso, arrumar um emprego decente, mudar de vida, ajudar a família? Assim pensou, assim faz. Abriu um cursinho de matemática para alunos carentes. Ensina com prazer a ciência das regularidades, regulando seu estar no mundo pela doação do seu talento e inteligência aos que deles necessitam.

Numa época tão marcada pelo egoísmo, pelo descompromisso e pela futilidade, no meio de tanta gente com muita embalagem e sem conteúdo, eu só tenho é que louvar a existência de uma pessoa assim, de bom coração, que pratica a bondade sem interesse algum a não ser o de servir ao seu irmão.  É o que se chama atualmente de atitude militante.

 

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