segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Túmulo do carnaval


Neneu Batista, o Leão e meu compadre ferroviário Romildo Gonçalves. Ao fundo, a Igreja com seus fiéis de domingo de carnaval e a rua vazia.


Ontem, este tiozinho visitou o túmulo do carnaval. Fica na cidadezinha de Mari. O único carnavalesco local, mestre Preta, foi a óbito. Com o fim da batucada mambembe de Preta, o carnaval mínimo deixou de vadiar pelas ruas.

No carnaval, os foliões marienses partem para ficar contentes nas praias. Só fica o padre da freguesia para condenar às penas eternas os carnavalescos, junto com uma minoria que não curte a idiotia dos que ousam subverter a ordem estabelecida. A ordem moral, que fique bem claro, porque a ordem econômica e política os papangus do carnaval não têm força, tutano, coragem e consciência para tais arroubos libertários. 

Cheguei em Mari na hora do padre encerrar a missa. O primeiro cristão a sair da igreja foi meu compadre Zé Martins, um homem quase “santo” com sua cara de leigo adaptado às conveniências dos poderosos deste mundo. Lembrei da frase de Nietzsche: “Só acreditarei na Igreja quando vir os cristãos saírem de sua missa de domingo com cara de ressuscitados e não de pecadores.” Do outro lado da rua, a igreja daquela religião que trocou a Providência divina pela previdência bancária estava lotada. 

Encontrei meus compadres Neneu Batista e Romildo Gonçalves que me levaram à casa da poetisa Rosângela e suas musas sem pecado. Rosângela é da Academia Paraibana de Poesia e mora em Mari há pouco tempo. Inconformada com a ausência do carnaval na cidade, resolveu botar seu bloco na rua, proclamando por conta própria o reinado de Momo no túmulo do carnaval. Não teve ajuda do prefeito Marcos, filho de Zé Martins “Beleza do Céu”. O prefeito é sectário fanático da máxima que diz: “Se não é do meu bloco, inimigo é.” Mesmo sem auxílio da Prefeitura, Rosângela concentrou seu bloco e deu duas voltas no quarteirão para depois reunir seus foliões no quintal de casa e brincar seu carnaval particular. 

Na cidade vizinha, Sapé, alguns gatos pingados rezavam a missa de sétimo dia da grande festa popular. “Carnaval, onde te escondes? (...)/ Outrora por esse tempo/ tilintavas de alegria”,  já cantava o cronista Augusto Fabrega. Se Mari é o túmulo, Sapé é o velório da algazarra do Zé Pereira. 

Em Itabaiana, dizem que a praça ficou cheia de gente e blocos particulares, desses de corda de isolamento. Carnaval acaba sendo um palco da liberdade e comemoração. Lá, comemoram a volta do prefeito Antonio Carlos e a ausência da ex-prefeita dona Dida, motivo de desabafo e alegria. 

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