terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Esfacelamento da memória histórica

Antonio Costta conversando comigo sobre temas culturais. O poeta não teve culpa pela  inoperância da Secretaria de Cultura no governo Dida Moreira.


Esse episódio quem me contou foi o ator Edglês Gonchá, ex-aluno em uma faculdade de Goiana, Pernambuco, onde um professor é estudioso do movimento revolucionário de 1824, quando os moradores de Itabaiana tiveram parte ativa em sangrentos combates travados no riacho das Pedras, entre as forças legalistas do Presidente Felipe Nery, sob o comando do Coronel Estevão Carneiro da Cunha. Os revoltosos eram comandados por Félix Antônio. No local desta batalha foi inaugurado um monumento, “resgatando de uma vez por todas a memória daqueles que deram suas vidas em defesa da liberdade em nosso país”, como afirmou o professor Israel Carvalho.

Pois bem, o professor pernambucano acertou com Edglês sua vinda a Itabaiana para conhecer o local dessa famosa batalha, a maior da guerra da independência no Nordeste. Qual não foi a surpresa e o embaraço de Edglês quando chegou o professor em um ônibus lotado de estudantes de Goiana para visitar o marco da Batalha do Açude das Pedras. O local está abandonado, cheio de mato, o melão de são caetano tomou conta do que resta da placa comemorativa, o riacho corre apodrecido, poluído, em direção ao rio Paraíba, onde deságua. O itabaianense Edglês ficou sem jeito, diante da depredação e degradação de um patrimônio histórico dessa importância. O professor se confessou um homem consciente da precariedade de nossos entes públicos diante do dever de preservar a História. Pacientemente, Edglês explicou que aqui está instalada uma Secretaria de Cultura, que teoricamente deveria tomar conta disso, mas a ex-prefeita Dida Moreira não deixou nem um centavo no orçamento público para ser investido nesta área.

Um leitor do Sul/Sudeste deve achar extravagante essa notícia de que uma cidade com um patrimônio histórico dessa magnitude não tenha empenhado verba alguma para a área cultural e artística, incluindo a preservação da História do Município. Sentimento semelhante foi expresso pelo professor pernambucano, vindo de uma cidade histórica do Estado vizinho onde os que empunharam a bandeira do abolicionismo e os ideais republicanos têm seus nomes preservados, seus espíritos pioneiros sobrevivendo.

O atual prefeito confessou que não encontrou nada nos cofres da Prefeitura para investimentos culturais. Vai esperar a confecção do próximo orçamento para contemplar algum recurso para o setor. Meu compadre e poeta Antonio Costta, ex-secretário adjunto da cultura, fez o que foi possível e fez muito pouco, porque a tarefa de difundir bens culturais e incentivar a produção da cultura não pode ser realizada sem recursos. Além do dinheiro, talvez o mais importante seja o amor pela cidade. Isso eu duvido que forasteiros aqui instalados apenas para se locupletar financeiramente venham a ter. Não é o caso do poeta, que por suas ações e exemplos tem dado provas do sentimento de afeição pela terra de Zé da Luz.

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