domingo, 19 de fevereiro de 2012

Dona Dida e Babá saem no bloco dos sujos


Bloco dos sujos no carnaval de Itabaiana

Quando eu era menino em Timbaúba dos Mocós, no carnaval a festa era do bloco dos sujos, com fantasias improvisadas, pó, graxa e muito humor escrachado satirizando a política e os costumes locais. O cara que era o exemplo de cidadão o ano todo, no carnaval saía no bloco dos sujos soltando a franga e batendo as asas.

Neste carnaval 2012, o bloco de sujo não tem graça nenhuma. Na Paraíba são oitocentos nomes de políticos condenados por brincarem de irmãos metralhas com a grana suada de nossa serena e conformada população. A Lei da Ficha limpa arrancou as máscaras de muita gente que andava emporcalhando a política.

Na cidade de Itabaiana do Norte, onde nasceu e viveu o gari Coceira, o varredor de rua mais preguiçoso e bem humorado do mundo, a lista aponta três nomes: Dona Dida, Babá e Zé Sinval, filho da prefeita. Os três estão no bloco dos  fichas sujas, membros da confraria dos foliões que brincam de enricar com o dinheiro do contribuinte. Para esses, o carnaval de 2012 reservou um lugar nada honroso na galeria dos corruptos oficialmente reconhecidos e carimbados.

Porém, e sempre tem um porém, ninguém se engane: eu e tu, nós e eles estamos no mesmo bloco. Cada um com seu pedacinho de corrupção. Com a diferença de que, nos porões do poder, a coisa acontece em escala muitíssimo maior. Aqui temos uma só política: a do interesse individual.

É como bem diz um compadre meu: “A maioria do povo brasileiro é farinha do mesmo saco de seus políticos corruptos. Seus legítimos representantes jamais poderiam deixar de sê-lo, por uma simples questão de causa e efeito. Quando será que o povo brasileiro vai acordar e reconhecer sua culpa neste cartório? Trata-se de um processo histórico de corrupção profundamente encravado no caráter do povo brasileiro. E quem confirmava isto, há um século atrás, era Rui Barbosa”. De forma que o bloco dos sujos cada vez aumenta mais, semelhante ao cordão dos puxa-sacos.

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