quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O tráfico está adotando a juventude


Eu e a Conselheira Tutelar Débora Lins. Ela, exemplo de dedicação social

Tenho uma amiga que é Conselheira Tutelar, vivendo nos campos minados das periferias de uma cidadezinha, acompanhando o drama de crianças e adolescentes decaídos no abismo das drogas.  Os entorpecentes estão transformando a cidadezinha numa cracolândia. Uma nova droga de alta concentração e intensidade é lançada no mercado negro do tráfico, logo chega à cidadezinha, com seus fatais resultados.

Essa minha amiga vive aflita com a realidade das ruas de sua cidade. Ela se doa, faz praticamente milagres para atender às ocorrências, mas falta o mínimo de estrutura. Não existe uma casa de passagem para crianças em estado de risco social. O atendimento dos direitos da criança e do adolescente na cidade carece de ações articuladas. Por mais que os conselheiros busquem um tratamento com dignidade e respeito à liberdade e à convivência familiar e comunitária, inexiste estrutura para implementar qualquer tipo de programa, seja na área da assistência social ou na prevenção e atendimento médico e psico-social aos jovens vítimas das drogas.

Eu acho que esse é o grande e urgente tema de discussão na cidade, porque é um problema que atinge todas as camadas sociais e principalmente ao nosso grande capital que é a população jovem. Os gestores das políticas públicas, os pretensos candidatos a prefeito e vereador, que já se enfrentam nas costumeiras fofocas e briguinhas paroquiais, deveriam centrar foco nessa questão. 

Minha amiga já anda quase perdendo a esperança. A sociedade não ouve os gritos de alerta dos conselheiros tutelares, esses heróis modernos que enfrentam a imensa pressão psicológica que se estabelece com o consumo de drogas entre crianças e adolescentes. Eles, os conselheiros, se vêm sozinhos nessa guerra, tentando combater a cultura da violência que existe na falta de controle na compra de drogas lícitas, no mercado de drogas ilícitas que recruta sutil e irremediavelmente os meninos e meninas.


A violência é a lógica e a cultura vigente. Nos finais de semana, basta você andar pelas ruas principais da cidadezinha e ver os inúmeros bares com suas músicas em alto volume e as dezenas de jovens consumindo álcool e tabaco. Falta opção para a demanda de lazer do povo. A prefeita, que não reside na cidade, acho que em nenhum momento pensa ou escuta esse grito de alerta dos conselheiros tutelares. O consumo de drogas não é uma doença, mas um sintoma dizendo: alguma coisa está muitíssimo errada em nossa sociedade. A começar por gestores públicos descomprometidos com as soluções mínimas para problema tão crucial.

Sou grato a essa minha amiga, que vocês já devem saber de quem se trata, pela sensibilidade ao perceber o sofrimento do “outro” e dedicar sua vida ao resgate dos direitos violados da infância.

Um comentário:

  1. MEUS AMIGOS DE CULTURA E PAZ. AMO VCS. PAZ SEMPRE. DEUS ILUMINE A MISSÃO CULTURAL E SOCIAL DE VCS.

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