quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O general de Itabaiana





Estou lendo o livro “Um Magistrado na Política”, do itabaianense General Frederico Mindello Carneiro Monteiro, nascido aos 26 de maio de 1903, filho do mais famosos Chefe Político da história de Itabaiana, Desembargador Heráclito Cavalcanti Carneiro Monteiro.

A obra de 350 páginas conta a vida do Dr.Heráclito, que foi juiz de Itabaiana durante dez anos, político corajoso e poderoso, mas honesto. Em 1930, foi demitido sumariamente do Tribunal por ter feito oposição ao governo de João Pessoa. Em Itabaiana, queimaram seus poucos bens. O filho pinta o retrato de um Heráclito Cavalcanti justo, prestativo e amigo. Por ter pertencido à ala que perdeu a guerra de 30, seu nome foi esquecido pelos historiadores.

No livro, General Frederico Mindello Carneiro Monteiro desfia a genealogia de sua família, com os ascendentes e descendentes, descreve a Itabaiana do começo do século vinte, “a mais adiantada cidade do interior paraibano”, dotada de calçamento, arborização, água encanada, luz elétrica, telefone, jardins e o famoso coreto vindo do estrangeiro, trazido por ordem do Dr. Heráclito. Dedica um capítulo especial à descoberta do cemitério indígena no Alto dos Currais em 1890, com cadáveres humanos datados da fase precolombiana. Era da tribo Tupi, os primeiros habitantes do lugar.

O prefeito Rezende, indicado pelo Dr. Heráclito, foi quem calçou a rua “da frente” com pedras do rio Paraíba. Na rua plantaram árvores frondosas e criaram a “Festa da Árvore”, “exemplo de originalidade para outras cidades”. O chefe político fundou o jornal O Município, onde ele escrevia até versos. Imprimia-se 500 exemplares semanais. “Havia quem o lesse muitas vezes e o decorasse”, diz o jornalista Artur Coelho, que era tipógrafo nas oficinas d’O Município. O Padre Fileto, o homem que ergueu a Igreja Matriz pedindo esmolas na feira e na estação de trem, brigou com Dr. Heráclito por causa do jornal, muito mundano para o vigário conservador. Até um concurso de beleza foi promovido pelo jornalzinho, para desgosto do padre.

O Juiz Heráclito Cavalcanti foi um protetor da infância pobre. Em João Pessoa, fundou o orfanato Dom Ulrico em 02 de abril de 1922. “Sei que o meu pai, na sua mocidade, teve as vistas voltadas para os desvalidos da sorte, os que perderam os pais muito cedo,
especialmente as meninas. Como Curador de órfãos, Juiz Municipal e de Direito, na Capital e no interior do Estado, presenciava, diariamente, em razão do ofício, os aspectos da miséria, do desamparo e das necessidades mais cruentas de uma população precisada de tudo, naquele fim de século XIX e primeira década do século XX,” escreve o General.

Um fato que eu não sabia: Itabaiana tem um herói militar, o próprio General Frederico Mindello Carneiro Monteiro. Fez o curso da Escola Militar, tendo participado da Revolução de 1922, combatendo no mesmo dia e hora em que Eduardo Gomes e seus companheiros enfrentavam as tropas do Governo no famoso evento conhecido como “os 18 do Forte”. No Realengo, Frederico Mindêllo também se levantou com as tropas da Academia Militar, comandados pelo Marechal Denys.
Com a vitória do Governo Epitácio Pessoa sobre os revoltosos, todos os alunos que participaram foram desligados da Escola Militar. Em dezembro de 1930, quando houve a anistia, ele voltou ao Exército, tendo completado o curso em dois anos. Mal terminou o curso, rebentava em São Paulo a Revolução Constitucionalista, da qual participou.

2 comentários:

  1. Oi Fábio Mozart: Não desejo macular-lhe o interesse e entusiasmo por seu conterrâneo des. Heráclito Cavalcanti. Quando desembargador fora presidente do Partido que fez oposição ao Presidente João Pessoa. Dizem que a politica apaixona e leva ao desvario. Foi o que ele fez. Todo funcionário público simpatizante do Presidente João Pessoa e de sua causam fora exonerado ou removido para os lugares mais distantes da Paraíba. Ele impôs a separação do pai, filhos e esposa. Há um livro -Correspondência de 1930 -, organizado pela FCJA que relata os fatos e dá nome aos perseguidos pelo Presidente do TJ, em 1930. José Américo se dava bem com ele, mas como Secretário do governo vigente, não concordava com sua posição de hostilidade aos amigos do governo. Quando foi demitido da Justiça e JA Ministro de Viação, seu filho Frederico foi ao seu encontro na aeroporto onde entregou os documentos para sua readmissão. No regresso ao Rio, o avião que conduzia JA e sua comitiva caiu no mar de Salvador e a pasta com todos os documentos ficaram no fundo do mar. Avisado o filho do incidente que procrastinaria a volta de seu pai ao serviço ativo, não se conformou e destilou seu veneno contra o Ministro. Heraclito construiu o Orfanato dom Ulrico que abrigou órfãs. Foi um bom juiz até ser político. Mas a sorte não o favoreceu para a reintegração, como sonhava.O governador Osvaldo Trigueiro era seu correligionário e não o readmitiu. Tardiamente ele compõe a galeria de juízes-presidentes do TJ da Paraíba,numa parede do Palácio da Justiça paraibana. Sumariamente é um pouco da história desse magistrado. Um abraço de
    Lourdinha

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  2. OI Fabio Mozart Gostei de conhecer a historia do Desembargador Heraclito cavalcanti e gostaria de receber a historia completa dele se possivel, quem é ele, incluindo a historia do orfanato Dom Ulrico, a planta do predio, como se deu a construção daquele predio o porque do nome Dom Ulrico, quem é o Dom Ulrico, em que ano começou a funcionar o orfanato Dom Ulrico. Sou Adriana Rocha estudante do curso de arquivologia do 8º periodo da UEPB, meu email é: adrianarocharh@bol.com.br

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