segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Liberdade juvenil



Você trabalhou, batalhou, criou os filhos, envelheceu... Os filhos cresceram, saíram de casa, você se aposentou. Eu seguí esse roteiro biográfico, menos a parte dos filhos saírem de casa. Os meus acharam a mordomia tão boa que nem pensam em cuidar da própria vida. Tudo bem, o pirão ainda dá pra todo mundo, a mãe dos bruguelos tem forte inclinação afetuosa em relação aos filhotes e ninguém sai de perto da toca de nascença. Já tentei mostrar que a porta de saída é serventia da casa, mas a rapaziada finge ignorar a ação velada de despejo.

Aos 18 anos, o jovem Leão deu seu urro de independência e saiu de casa. Resta provado que quando a gente cresce, adquire costumes conflituosos com o estilo de vida dos nossos país. Aí é o momento de fazer valer aquela rebeldia adolescente e pegar a vida pela unha, ir à luta. Acontece que os brutos alegam finanças fracas e mesmo quando partem ficam dependentes dos coroas para pagar as contas.

A rapaziada prefere suportar o mau humor dos velhos, sem ver muita vantagem na liberdade de morar sozinho, fazer o que desejar, deixar o quarto desarrumado, acordar a hora que quiser, levar a namorada para dormir, criar bichos de estimação estranhos como lagartos, tatus e cobras, enfim, não dar satisfação a ninguém. Puro comodismo de buscar fontes de renda para administrar e pagar as contas e cuidar da comida.

Mãe é mãe e pai é pai. Tem jovem que é expulso de casa porque não estuda, não trabalha e tem comportamento esquisito, é a “vergonha” da família. Nesses casos, a mãe acaba sendo a provedora oculta, leva comida e dinheiro escondido do marido para o filho “diferente”.

Conheço um rapaz inteligente ao extremo, mas absolutamente incapaz de se manter porque nunca aprendeu a viver conforme as regras sociais. O pai, muito rígido e autoritário, não aceita a forma de agir, ou não agir, do filhote. O menino simplesmente só dorme. Quando acorda, mergulha no mundo do computador, sem perceber a vida que segue e o tempo que passa. O pai, furioso: “Você deveria ser grato por ter uma família que suporta e patrocina sua indolência”. Ao que o filósofo do Google replicou: “a gratidão se confunde com a adulação e é indigna de um cavalheiro”. Durma-se com um ruído desses!


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