quarta-feira, 13 de julho de 2011

De calote em calote, o leão vira mascote



Antes de falar em calote, registro mensagem do amigo Barbosa: “Fábio, que saudade das noites no Carretel, no bar de Adonis, nas segundas-feiras, e de manhã o café na Gruta Azul com a famosa ‘cabeça de galo’”. Reminiscências de minha Itabaiana de outrora.

Sobre o calote: no dia 15 de novembro de 2002, o Diário Oficial do Estado da Paraíba publicou Resolução nº 001/2002 da Comissão Estadual de Desenvolvimento Cultural, disponibilizando cinco mil reais para meu projeto de montagem da peça “Cantiga de Ninar na Rua”, e mais seis mil reais para a peça “A peleja de Lampião com o Capeta”, montagem de Marcos Antonio Veloso. Incluía ainda o montante de seis mil reais para o grupo organizar o Cavalo Marinho do Mestre Ciço. A Resolução foi assinada por Francisco de Sales Gaudêncio, Presidente.

Nessa lista ainda constava, entre outros, projeto do meu compadre Aguinaldo Barbosa, o famoso “Aguinaldo Pabulagem” dos Tropeiros da Borborema e fundador do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana. Quando Cássio Cunha Lima assumiu o Governo em 2003, na vaga de José Maranhão, mandou os proponentes dos projetos aprovados se queixarem ao Bispo e não pagou um tostão sequer.

Meu compadre Marcos Veloso não gostou de ser lesado assim sem mais nem menos pelo Governo. Entrou na Justiça para receber a grana, ganhou a causa, mas não levou um centavo até hoje, nove anos depois, isso porque os advogados chapa branca são mestres nesse negócio de procrastinar e retardar ações. Eu me conformei com a desdita, botei minha viola no saco e fui cantar em outra freguesia.

Veio o projeto dos Pontos de Cultura. Achei que sendo um projeto federal, a coisa não seria tratada assim tão desavergonhadamente pelo ente público. Taí a conta: mais de 50 mil reais que o Ministério da Cultura nos deve, sem intenção de pagamento. Entrar na Justiça? Pra que? Só ter raiva e perder tempo.

Ano passado ganhei o Prêmio Patativa do Assaré de literatura de cordel do Ministério da Cultura com meu livro “Biu Pacatuba”. Peguei dinheiro emprestado por conta, paguei uns tocos pendentes e o resto tomei de cana para comemorar. Até hoje não me pagaram os sete mil reais prometidos.

Outro dia vi na TV que o calote público é de mais de 98 bilhões, decorrente do não pagamento de projetos aprovados nas diversas áreas do governo federal. No caso dos trabalhadores da cultura, o governo não respeita os seus artistas nem o povo para quem nós produzimos, conforme bem diz a escritora Clotilde Tavares, autora do prefácio do meu livro.  

É como diz meu compadre Biu Penca Preta: “Isso é governo pra meretriz da rua do Carretel!”.

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