sexta-feira, 3 de junho de 2011

Itabaiana tem a paciência e a pobreza de Jó

Mapa da feira livre de Itabaiana que já foi uma das maiores do Nordeste

Conta o Velho Testamento que existiu um cidadão por nome de Jó. Esse homem virou joguete nas mãos de Deus e do Diabo, que fizeram uma aposta para saber até onde iriam a fé e a perseverança dele. Depois de muito sofrimento, apesar de todas as adversidades, Jó manteve-se fiel a Deus, depois de perder tudo o que tinha; riqueza, saúde, filhos.

No caso da cidade Itabaiana do Norte, também é fato que já vivemos satisfeitos e com fartura. Outrora, a cidade foi pólo comercial da região. Nossa indústria de calçados e as fábricas de beneficiamento do agave e algodão, além do comércio de gado, tornavam nossa economia uma das mais prósperas da Paraíba. No Produto Interno Bruto, pontuávamos em torno de 12 por cento.  

O sonho acabou há mais de quatro décadas. Daí fomos regredindo, ao mesmo tempo em que aumentava a falta de compromisso, a irresponsabilidade, incompetência e visão atrasada das lideranças políticas. Serpentes viperídeas tomaram conta da chamada coisa pública. A decadência econômica casando com o declínio moral dos políticos.

Hoje, está assim o mapa econômico da Paraíba: do bolo das nossas riquezas, a capital João Pessoa fica com cerca de 75% e a tendência é aumentar; cidades do sertão ficam com 1%; as do curimataú e cariri também com 1%; Campina Grande se satisfaz com aproximadamente 15 pontos percentuais, e as cidadezinhas do agreste nada representam nessa mesma iguaria azeda de uma economia já tão fragilizada dessa Paraíba sem sorte. Itabaiana fica em torno de zero por cento do nosso Produto Interno Bruto.

A realidade é que negam ao itabaianense as mínimas condições de sobrevivência. O Estado, que só tem olhos para a orla marítima, e nossos políticos que só ocupam sua visão na esmola do Governo Federal para distribuir com seus apaniguados. Cresce a pobreza e a violência, aumenta o êxodo. Faltam políticas públicas de verdade. Falta capacidade de gestão. Inexiste projeto consistente de geração de renda. Quem vai dizer isso ao Governador quando ele aqui chegar nesta sexta-feira para abrilhantar um circo chamado Orçamento Democrático, que não passa de um espetáculo político e vazio de conteúdo? Qual o candidato a prefeito da cidade que está preocupado com isso?

A sociedade itabaianense permanece entorpecida, paciente e calma. O profeta Jó perdeu tudo, mas esperou, e foi recompensado. No nosso caso, “esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer..”, como nos versos do cantador Geraldo Vandré.

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