terça-feira, 26 de abril de 2011

A vida sexual das amebas


Leitora da Toca do Leão solicitou a retirada da gravura que ilustrava a matéria sobre prostituição histórica. Trata-se de uma cena de sexo. Atendi ao pedido da madame, mas não por ter me sensibilizado com seus argumentos de que o blog é acessado por crianças e adolescentes e a tal gravura ofendia a moral e os bons costumes. Mesmo porque, sexo é bom costume desde que o mundo é mundo. 

Mas me diga aí o que faz um sujeito como esse que vos fala humildemente retirar uma reprodução de gravura da idade média, porque foi censurado pelos leitores? Será assexuada essa madame escandalizada? Ia escrever “assexuada que nem uma ameba”, ocasião em que fui criticado pelo meu assessor Ameba. “Epa, esbarra aí! Ameba também tem sexo!”, gritou o safado.

Ameba explicou que a ameba é um dos seres vivos mais simples e primitivos, viventes  há cerca de um bilhão de anos no planeta. Elas são conhecidas pela maneira como se movem lentamente. Talvez a preguiça de Ameba tenha originado seu apelido.

Recentemente, os cientistas descobriram que as amebas também são chegadas a um sexozinho. Antes consideradas criaturas castas, as amebas foram flagradas molhando o biscoito, e não se trata de um comportamento recente. O coito dos amebóides sempre existiu, só que de forma bem discreta. Eles não são chegados a um exibicionismo, diferente de Madame Preciosa que quando está furunfando com Sonsinho, todo o quarteirão fica sabendo pelos seus uivos e guinchos em altos decibéis.  

“Quando se discute o sexo dos protistas ameboides, a evidência existente não nos faz lembrar de castidade, mas sim do Kama Sutra”, compara o cientista Daniel Lahr em seu relatório publicado na edição de março da revista Procedimentos da Sociedade Real B: Ciências Biológicas. As amebas são seres altamente evoluídos no quesito safadeza. 

Mas o que tem a ver o sexo das amebas com a censura consentida ao blog? Confesso que não sei ao certo. Talvez porque não evoluímos o bastante para encarar o sexo com toda a sua carga de humanismo e de ato essencial da vida. A assexualidade, dizem os cientistas, é um jogo perdedor a longo prazo, porque os erros se acumulam no genoma e, transmitidos de geração para geração, podem acabar matando os indivíduos mais novos. Essa teoria é chamada de “catraca de Muller”, e é tradicionalmente usada para explicar porque o sexo evoluiu. O que não evoluiu muito foi nossa cabeça quadrada, por isso a censura a uma obra de arte que tem como tema o ato sexual. Portanto, nesse ângulo continuamos amebas fingindo ser assexuados.

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