domingo, 17 de abril de 2011

POEMA DE DOMINGO


HOMEM MOLEQUE

Sérgio Mendonça

Pela cruz ou pela espada,
Por trinta tostões ou nada,
Desconfio de quem manda
Pelo vinho ou por carinho,
Pelo circo ou pelo pão,
Desconfia hoje e sempre
Do pastor e do patrão,
Pela ordem na desordem
Pelos malditos benditos,
Desconfia dos seus ritos,
Não confia nos seus mitos,
Pelo valor que te dás,
Pelo valor que te dão,
Desconfia de ti mesmo,
E confia no ladrão.
Pela liberdade ousada,
Por perdões imperdoáveis,
Desconfia e não perdoa
A quem te quer perdoar.
Confia, se tu quiseres,
Na tua própria vontade
E ainda assim desconfia
Por pura e simples mania.
Pode ser um desatino,
Na felicidade um breque,
Mas assim, talvez, consigas
Tornar-te um homem-moleque.

Sérgio Faciola de Souza Mendonça
Nascido em 18 de dezembro de 1949, em Belém do Pará.

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