segunda-feira, 18 de abril de 2011

O nosso jeito caranguejo de ser


Da esquerda para a direita: Djalma Silveira, Josué Dias, Arnaud Costa, Galego e João Quirino, no tempo em que as lideranças não tinham medo do povo e se reuniam nas mesas dos botecos.

Adoro minha Itabaiana do Norte (para não confundir com Itabaiana de Sergipe), cidade que fica dentro de um buraco no vale do rio Paraíba e desse buraco parece que não quer sair nunca, atolada no atraso econômico, cultural et cetera e tal.

Saí de minha terra com 33 anos, em 1988. Desde então, a impressão que tenho é de que as coisas pioraram na terrinha. Os pobres parecem mais pobres, os problemas sociais se avolumaram, as drogas dominam nossa juventude, os meios de vida mais difíceis, o descaso com a cidade é alarmante. Até o Hospital São Vicente de Paulo teve sua existência ameaçada recentemente. Esta obra de alta significação social é símbolo de uma época em que a sociedade itabaianense era estimuladora das energias sociais, e tentava resolver comunitariamente seus próprios impasses. O economista Paulo Rabelo escreveu: “Governos dominadores e paternalistas cultivam sociedades palermas e acomodadas”. Será o nosso caso?

Nossos antigos líderes estão fazendo falta hoje. Aquela falta que acaba sendo notada quando vemos os atuais homens públicos, e mulheres, personificando o que há de mais obsoleto, no sentido de práticas políticas conspurcadas pela corrupção e individualismo. Homens como Josué Dias, João Quirino, Arnaud Costa, Galego, Everaldo Pimentel, Antonio Santiago, Edmilson Batista, Zé Pedro e tantos outros expressaram bem a consciência social orientada para o bem comum. Suas beneméritas atuações ainda hoje são lembradas pelos homens e mulheres de nossa geração. Hoje em dia, numa ótica desfocada, o político é visto como uma pessoa sem pudor nem brio.

Não é por falta de homens de bem em nossa terra. Amedrontadas por uma lógica de que o “ficha suja” é quem tem estômago e cara de pau para enfrentar eleições, as pessoas de boa índole e melhores intenções se afastam da atividade política. E assim caminha para trás a velha Itabaiana do Norte, seguindo seu triste destino de caranguejo.

Estou transferindo meu título eleitoral para Itabaiana. Não estou procurando cargos ou boquinhas. Não quero participar de panelinhas políticas nem referendar esse espetáculo pobre da guerrinha politiqueira da minha terra. Quero votar numa pessoa que tenha dignidade, história de compromisso com a comunidade e competência gestora. Muitos como eu se animam a dar sua contribuição com o voto para tentar mudar o destino dessa terra querida. Não somos inferiores a Timbaúba, Juripiranga nem qualquer outra cidade circunvizinha, as quais experimentam franco progresso. Apenas estamos à deriva por uma circunstância histórica, mas os verdadeiros itabaianenses estarão unidos para modificar esse nosso jeito caranguejo de ser.

Vamos fazer uma corrente de fora pra dentro. Itabaianense que não vota mais na cidade, transfira seu voto e nos ajude a sair da lama.

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