quinta-feira, 31 de março de 2011

ZÉ DA LUZ COMPLETA 107 ANOS DE NASCIMENTO

Dedicatória de Zé da Luz ao itabaianense Zequinha Bandeira na contra-capa do seu  livro "Sertão em carne e osso"- (Clique na imagem para aumentar)


Há exatamente 107 anos nascia, em Itabaiana, o nosso grande poeta de linguagem matuta, Severino de Andrade Silva, o Zé da Luz. Representante fiel em sua poesia,  da vida sofrida do nordestino, até hoje é motivo de admiração, tanto por representantes da cultura popular, cantadores, cordelistas,  poetas matutos, como por  escritores dos mais diversos estilos.

Transcrevemos   apreciações e homenagens que lhe foram feitas por alguns escritores  de sua época:

“... Você não precisa de prefácios. Sua poesia fala com mais autoridade que qualquer palavra  de apresentação. Que autoridade terei para dar carta de fiança a quem possue os maiores tezouros deste mundo?  Ora, Zé da Luz. Você vale pelo que é e não pelo que se possa dizer de você”

José Lins do Rego

“Sua poesia me fala diretamente ao coração, porque também nasci ao pé das violas. Foi essa a poesia da minha infância, que veio comigo por toda a vida, e daí, de certo, esse meu pendor pela trova. Você me fez viver de novo na corda nordestina dos meus primeiros dias. Revi os violeiros, os desafios, as festas de São João, os pastoris, as bandeiras, as apartações, tudo do meu nordeste revivi no milagre de sua viola encantada.”

Adelmar Tavares

Entre todas suas lindas obras, escolhemos  a poesia “E a Terra Caiu no Chão”, de sentimentos tão fielmente  ligados à sua terra,  para encerrarmos nossa simples homenagem ao] grande poeta.

E a Terra Caiu no Chão

Visitando o meu sertão
que tanta grandeza encerra,
trouxe um punhado de terra
com a maior satisfação.

Fiz isso na intenção,
Como fez Pedro Segundo,
de quando eu deixasse o mundo
levá-lo no meu caixão.

Chegando ao Rio, pensei
guardá-lo só para mim
e num saquinho de brim
essa relíquia encerrei!

Com carinho e com cuidado
numa ripa do telhado,
o saquinho pendurei...

Uma doença apanhei
e vendo bem próxima a morte
lembrando as terras do norte
do saquinho me lembrei.

Que cruel desilusão!
As traças, sem coração
meterem os dentes no saco,
fizeram um grande buraco
e a terra caiu no chão.


Transcrito do blog Associação Memória Viva
http://itabaianapbmemoria.blogspot.com/



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