terça-feira, 22 de março de 2011

Salvemos pelo menos os móveis do Hospital São Vicente de Paulo


Toda cidade tem uma história, que se inicia com a sua fundação e evolui através do tempo. Há muitas formas de contá-la. Ela está presente na cultura de seu povo, nos ciclos de seu desenvolvimento econômico e social, nas obras deixadas por cidadãos ilustres, e também nas edificações, memória visível da evolução urbana.

A cidade centenária de Itabaiana está sofrendo um processo de desconstrução do seu passado, apesar da luta de pessoas abnegadas, a exemplo do meu compadre Luciano Marinho, fundador de uma organização não governamental destinada a preservar nosso patrimônio histórico.

Nossa cidade tem muita história, e ela precisa ser preservada como patrimônio coletivo. Transcrevo abaixo carta do itabaianense ilustre Vladimir Carvalho, onde expressa a preocupação com o destino dos móveis do Hospital, produzidos pelo pai de Vladimir, o famoso marceneiro Luiz Martins de Carvalho.

Já não se fazem móveis como antigamente, quer no que respeita ao processo de fabricação (a maior parte de fabrico artesanal), quer em relação a modelos e estilos verdadeiramente originais e que marcaram determinadas épocas. Os móveis em madeira de lei do mestre Lula, essas peças antigas fazem parte do nosso patrimônio cultural e histórico.

Vladimir pede o apoio da professora Terezinha Queiroga para salvar os móveis do Hospital São Vicente de Paulo, fechado pela irresponsabilidade e incompetência de um grupo. Certeza tenho que Luciano Marinho, Margareth Bandeira e demais membros da Associação Memória Viva ajudarão a salvar esse patrimônio.


Prezadíssimo amigo Mozart,

Estive fora por uns dias e como sou muito ruim de internet e dependo sempre de familiares para "entrar", somente hoje tomei conhecimento de suas amáveis e gentis palavras sobre os livros remetidos. Fico muito envaidecido com suas referências ao Pedras na Lua, o que motivou repercussões por parte do nosso dileto poeta Antonio Costta. Enfim, como acontece nessas ocasiões, não escapo do clichê: não tenho palavras para agradecer.

Ao mesmo tempo, aproveito o ensejo e, mesmo apressadamente, gostaria de lhe fazer um apelo pedindo-lhe em primeiro lugar uma orientação. É sobre a notícia, para mim preocupante, do encerramento das atividades do Hospital São Vicente de Paula (lembro-me de menino ainda ter brincado com outros garotos em seus corredores e salas ainda em construção várias vezes interrompida e retomada nos anos 40). É que ali se encontrava abrigada e servindo à sua administração várias peças da lavra do meu pai, como birô, estantes e cadeiras de espaldar com incrustações douradas, obras para mim de valor inestimável, embora não me pertencessem.

Tranquilizava-me até este ponto saber que estavam em boa guarda. Agora com os percalços da atual administração e com a notícia do desaparecimento daquela casa que foi sempre um bem inalienável da comunidade itabaianense. com histórica folha de serviços prestados, temo pela sorte daquele "acervo" tão precioso para mim. Passa-me pela cabeça até a idéia de adquiri-las para preservá-las em algum espaço que possa recebê-las. Este é um apelo que faço a quem de direito. Ao estimado amigo peço o apoio e a orientação. Terezinha Queiroga, nobre amiga, tinha conhecimento e muito apreço por aquele conjunto do mestre Lula.Vou tentar consultá-la também.

Desculpe a pressa e receba o fraternal abraço do

Vladimir Carvalho.

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