segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O que se esperar de uma pedra que dança, senão o balé da esperança?


Como diria o compositor Gonzaguinha: “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá”! Eu sou um cara que tem esperança na humanidade. Enquanto existirem pessoas que desembolsam o pouco dinheiro que têm pra editar seu livro de poesia ou mesmo enquanto pessoas se encontrarem pros saraus poéticos, eu vou continuar acreditando que o mundo tem jeito. Aliás, acreditar que o mundo tem jeito é o único jeito de se continuar acreditando no mundo. A outra opção é se deixar levar pelo projeto de desesperança propagado pelas mídias todos os dias.


Semana passada eu fui a um evento em Itabaiana, terra da minha gênese cultural, pra celebrar o lançamento de dois livros do meu amigo de infância Romualdo Palhano e também do meu mais novo cd “Há Braços”. O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, entidade catalisadora de sonhos hoje instalada na cidade, é que produziu o evento e ainda criou homenagens meritórias à contribuição cultural deste modesto compositor e do pós-doutor em teatro, Romualdo, pelo reconhecimento de que, mesmo tendo militado culturalmente em outras paragens, somos declaradamente frutos daquela aldeia que nos deu forma e conteúdo. O outro homenageado, o advogado e ex-vereador de Itabaiana, José Ramos, tem, este sim, os pés fincados na realidade cotidiana da nossa cidade.


Não foi apenas um encontro com o passado, apesar de ter encontrado amigos que há muito não encontrava, de ter colhido nos olhares deles o mesmo brilho que eu manifestava quando assistia aos eventos culturais na minha infância. Este também foi um encontro com o futuro, com a esperança de dias melhores e com a terna alegria de reconhecer o presente promissor talhado pelos militantes do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Esses militantes são, em sua maioria, os fundadores do grupo teatral que fez e continua fazendo história na Rainha do Vale do Paraíba. Falo do GETI – Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, criado em 1975 e que, mesmo atravessando as intempéries históricas do nosso país, jamais deixou de acreditar no coração de mãe que bate na terra de Sivuca. São esses artistas que, junto aos sonhadores da nova geração, me enchem de alegria e compromisso com um amanhã de novos GETIS.


Quero voltar à Itabaiana pra ajudar neste plantio de esperança. Voltar muitas vezes e levar meus companheiros, os conspiradores da concórdia e da esperança. Vamos estimular as propostas de formação em andamento por lá. Acredito que estamos num novo momento histórico que fortalecerá um trabalho que há muito vem sendo feito de forma solidária e por muitas vezes solitária, sem apoios necessários para o bom alastramento da proposta. Pra mim, Itabaiana está na rota dos intercâmbios entre as cidades paraibanas como uma das principais articuladoras, ainda mais sabendo que será a 12ª Regional de Cultura da recém-criada Secretaria de Cultura do Estado. Entendo isso como a colocação de mais gás num foguete que já ganhou muita altura.


Os trinta e cinco anos do GETI é uma minha “lição de rua”, como diria o saudoso poeta Lucio Lins. Penso em sua trajetória sempre que bate o desânimo muitas vezes orquestrado pela realidade. Sua história, relatada saborosamente pelos livros de Romualdo Palhano, me fazem curvar diante dos companheiros militantes culturais de Itabaiana, que são tantos, mas que saúdo em nome de Fábio Mozart, o cronista do passado e do presente da nossa Rainha do Vale do Paraíba. Na verdade, Mozart está mesmo é escrevendo o futuro!


Adeildo Vieira


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