quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O ataque do vírus maldito 3


Parece título de filme trasch. É que fui atacado por vírus pela terceira vez neste ano. Segunda-feira passada já sentia os primeiros sintomas. Fui ao Espaço Cultural, ao voltar não encontrei meu carro no estacionamento. Roubaram meu carrinho velho! Você está quieto no seu canto, tratando da vida que não anda nada quieta, e roubam seu único patrimônio. Fui ao Posto Policial fazer o Boletim de Ocorrência. Os dois soldados de plantão, por sinal, muito educados, deduziram que eu havia esquecido o local do estacionamento. “Acontece muito isso”, garantiram. Fomos, e lá estava o velho Gol. Mas o abalo emocional foi forte. Cheguei em casa com a bateria e os quatro pneus arriados. O susto concorreu para a manifestação do agente infeccioso, acho eu.

A noite foi uma longa agonia. Febre alta e altos delírios. Na agitação do sofrimento, vi desfilar um magote de diabos, chefiados por um senhor de smoking e cartola. Reconheci alguns deles, personagens do folheto de José Pacheco: Tromba Suja, Bigodeira, Pilão Deitado, Goteira, Fuxico, Cão de Bico, Pau de Prensa e Maçarico. A imaginação do moribundo é um tanto desvairada. Perguntei ao senhor de smoking, que devia ser o chefe, qual o papel do Diabo na ordem das coisas do além. Sim, porque as coisas boas só acontecem porque Deus quer, para beneficiar os fiéis, e as coisas ruins também são de sua autoria, para castigar os recalcitrantes e impor respeito. Sendo assim, o poder do Diabo é um pouco menor do que o “vice-carimbador interino da comarca de Goitá”. O Satanás chefe daquela legião não soube informar, por ser uma entidade sem muita instrução.

A verdade é que estou reduzido a coisa nenhuma. Madame Preciosa recomendou-me uma descarga. Alguém mal informado anda me invejando. Tem trabalho forte para atrapalhar meus caminhos, já por natureza embaraçados. O fato é que você passar por esse transe sem apoio e desvelo é realmente malíssimo. A dor ensina a viver. Ou morrer.

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