segunda-feira, 12 de julho de 2010

PREFÁCIO


Palmira Palhano, Normando Reis e Fred Borges na peça "O batalhão das sombras", original de Fábio Mozart (1983)

O próximo livro do Doutor Romualdo Palhano tem por título "O Teatro em Itabaiana - Da União Dramática ao GETI", cujos originais ele gentilmente me remeteu para escrever o prefácio. A obra fala das peripécias do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana – GETI. Antes, faz um apanhado histórico do nosso passado, descrevendo as potencialidades econômicas e sociais de Itabaiana desde o começo do século XX, diagnosticando as forças trabalhistas como o motor propulsor de nossa cultura formal, a partir da fundação da União dos Artistas e Operários, núcleo de nossas primeiras experiências teatrais.

Romualdo reconstitui a trajetória dos equipamentos culturais itabaianenses, desde a banda de música aos jornais, passando pelos clubes carnavalescos e as festas públicas, até quando enveredamos por uma crise econômica e cultural sem precedentes. Itabaiana nunca foi tão pobre quanto é hoje. O livro do Mestre Romualdo Palhano, entretanto, não pretende fazer estudo político/sociológico das razões de nossa decadência, apenas historiar os movimentos artísticos do passado, culminando com o aparecimento do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana na metade da década de 70. É nessa época que nos encaixamos eu e mais uns moços e moças, unidos nessa aventura de produzir arte na província. São histórias engraçadas nos mais de 30 anos de atividades deste grupo teatral que o texto de Romualdo nos dá a conhecer.

Romualdo Palhano lança-se na aventura de garimpar fatos da História de Itabaiana, regressando no tempo, voltando aos acontecimentos ocorridos em sua juventude e que marcaram profundamente sua alma de artista quando iniciou sua paixão pelo teatro. O ensaio tem por fim lançar um olhar sobre a História, “a mais perigosa e desafiante das Histórias que é a contemporânea”, no dizer de Potiguar Matos. Fala do seu passado e da história cultural de Itabaiana para lembrar e estudar os movimentos e as pessoas que fizeram cultura na terra de Zé da Luz, desde o começo do século vinte até a década de 80. Potiguar lembra que estudar História Contemporânea é arriscado porque, entre outras coisas, “há testemunhas vivas”. Eu sou uma delas.

Fui testemunha do nascimento do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, conjunto que teve seu surgimento na Rua Floriano Peixoto, na casa nº 105, em frente ao prédio onde hoje funciona o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, exatamente no dia 28 de junho de 1976, uma segunda-feira véspera de São Pedro, conforme dados precisos dos apontamentos do metódico advogado Jurandi Pereira, que esteve nesta reunião de fundação do grupo. “Lembro com exatidão porque em algum momento da reunião pude, através da janela da casa, mesmo sentado, ver a passagem de um balão. Não me recordo de todos os que estavam presentes, mas me lembro de você como anfitrião e idealizador, eu, Osório Cândido, Renato Oliveira e o velho Palhano”, declarou Jurandi.

E por aí vai o livro de Romualdo Palhano, uma obra que enleva qualquer itabaianense. Depois ele fala da nossa cultura, dos artistas de teatro e do movimento artístico, até chegar ao Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, conjunto que merece longo exame, incluindo espetáculos montados e episódios vivenciados nos mais de trinta anos de atuação dos amadores. O texto ainda oferece elementos para o debate sobre nossa involução.

Este livro cumpre um papel importante, que é o de registrar nossa história recente de forma objetiva. A construção narrativa sobre o passado itabaianense é mais uma grande contribuição desse itabaianense/potiguar à cultura paraibana, que sabe combinar as peculiaridades da pesquisa universitária com a reflexão e as confidências de um artista que foi nosso munícipe por muitos anos e aqui deu início à sua trajetória vitoriosa no mundo da cultura e das artes.

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