sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

DEZ PREVISÕES PARA 2011


Conforme a vidente, taróloga e astróloga Madame Preciosa, esses são acontecimentos previstos para 2011:

1) O Leão sairá da toca para comemorar 56 anos de vida perdida.

2) Haverá forte estiagem no nordeste: Pernambuco, Ceará, Sergipe, Piauí, Bahia sofrem com a falta de água. A Paraíba não será afetada, porque simplesmente não existe.

3) Alguns gestores da Paraíba irão cometer abuso de poder político e econômico. Madame Preciosa foi condescendente ao não afirmar que será a maioria.

4) Yansã e Oxossi, Orixás regentes do ano de 2011, apontam que grande acidente ecológico ocorrerá no rio Paraíba, nas imediações de uma cidade ribeirinha no vale deste rio, quando toda areia do leito será escoada para o porto de Suape, em Pernambuco, através de um canal com máquinas gigantes de sucção.

5) Governantes vão querer manipular a liberdade de imprensa. Na Paraíba, um governante fará limpeza ideológica nas empresas de comunicação. Isso será motivo para rompimento de ex-governador com sistema de poder dominante.

6) O Botafogo da Paraíba, genérico do glorioso carioca, novamente não vai ganhar nada e disputará com o Auto Esporte o título de pior time do estado.

7) O ano de 2011 será regido pelo signo do Coelho no horóscopo chinês, correspondente ao signo da astrologia ocidental de Peixes. Só não se sairá bem em 2011 quem não for carne nem peixe.

8) O elemento fixo do ano 2011 será a Madeira. Pau de dar em doido cairá na cabeça dos funcionários públicos paraibanos, e os demais trabalhadores devem levar madeira no fiofó, como de costume.

9) A situação sócio-econômica do velho Leão se agrava. A saúde idem. O velho Leão fica no mato sem cachorro, correndo o risco de, mais uma vez, andar, andar, andar e não conseguir coisa nenhuma.

10) Os planetas regentes em 2011 indicam que teremos sol, depois chuva, mais sol, algumas nuvens, um chuveirinho, outro sol pra cada um, sombra e água fresca no palácio, sol nas costas do otário eleitor, mais chuva no roçado da mundiça do poder, enfim, esse rame-rame costumeiro. Nada indica que teremos terremotos ou tufões por aqui. Mas é bom ficar de olho na pedra do quintal de sua casa. Se a pedra estiver molhada, é chuva; se seca, o tempo é seco; se você não consegue ver a pedra, é nevoeiro; se a pedra pular para cima e para baixo, é terremoto; e se a pedra não estiver lá, acabou de passar um tornado.

PLANEJAMENTO DE BIU PENCA PRETA PARA 2011: Trocar o coração por um fígado; assim se apaixona menos e bebe mais.

BIU E AS CONQUISTAS FEMININAS: A mulher nunca foi à lua porque não tem nada pra varrer lá.

Vamos fazer uma quizumba?


Minha comadre Clareana Cendy fez uma quizumba para os orixás mandarem inspiração e ela acabou desenhando a nova logomarca da Rádio Zumbi, que a Toca do Leão estampa neste post. Eu gostei.

A Mãe Madame Preciosa vai fazer uma quizumba neste fim de ano para ajudar o governo de sua xará (Madame Preciosa carrega o nome de Dilma Maria da Conceição). “Ela vai honrar as mulheres e eu vou honrar os orixás para que o Brasil fique mais feminino, porque a gente não chegou ao poder para nada. É o momento de dar mais atenção aos problemas da mulher: saúde, trabalho, aposentadoria aos 48 anos, cota de emprego nas empresas, transporte exclusivo nos trens e ônibus, nenhuma presença masculina nas delegacias das mulheres e direito de arrumar outro macho que lhe satisfaça caso o seu atual companheiro esteja com problemas”. Pelo visto, Madame Preciosa quer o céu na terra para as meninas. Só faltou pedir café na cama.

“Vou fazer uma quizumba pra ela cair do avião e morrer, essa desgraça da Dilma” – Val Castiel, uma internauta arretada com a Presidenta, no endereço: http://msn.bolsademulher.com/forum/amor/f53/156860/

O DJ Ronaldo da Antena vai fazer uma quizumba para nunquinha na vida ter que botar pra tocar o disco do professor, filósofo, cantor e compositor itabunense Fernando Caldas, uma espécie de corno pós-moderno e sem preconceitos. A música do cara é ruim que só os bolerões do “poeta das estrelas” Wilson Reis, irmão do meu compadre Normando Reis. O cantor baiano não chora sua dor de corno, mas promete lascar o urso e a adúltera. Sua música de maior sucesso: “Eu vou dar pra teu amante só pra te sacanear”.

Os moradores das ruas da Lama e Boca da Mata em Itabaiana vão fazer uma quizumba para que a prefeita da cidade mande limpar o canal que passa em frente às suas casas. Achando pouco a fedentina, ela mandou construir um mictório público na praça. “Ta de dar nó nas tripas”, disse um morador, arretado da vida. A catinga inspirou esses versos enojados de um poeta bebinho da Praça 24 de Maio:

Oh, cloaca miserável
Virada pro céu azul
O urubu diz à garça
E a garça ao urubu:
Mui estúpida essa raça
Vão todos tomar no cu!

(Dizem que o bebinho se chama Eliel José Francisco, mas não há provas dessa autoria).

No dia 17 de março será comemorado o Dia da Cultura Negra, e a Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares, do bairro Ernesto Geisel em João Pessoa, pretende fazer uma quizumba para comemorar a data. A rádio, agora sob nova direção de Fabiana Veloso, é uma espécie de porta-voz do movimento negro da Paraíba. Orlando de Sônia vai tocar tambor na dita quizumba. É pagode até umas horas!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


Paulo Pontes e Vladimir Carvalho

Considerado como um dos maiores documentaristas da América Latina, o cineasta itabaianense Vladimir Carvalho conquistou vários prêmios nacionais e internacionais ao longo de mais de 40 anos de profissão, registrando as lutas, a cultura e a realidade do povo brasileiro.

Em 1961, no município de Mari, deu-se o maior conflito de terras da Paraíba, quando foram mortas onze pessoas, entre camponeses e pessoas representantes dos latifundiários. Vladimir Carvalho era repórter fotográfico e foi fazer a cobertura jornalística do fato, levando consigo Paulo Pontes, então locutor da Rádio Tabajara, emissora oficial do Estado.

Os dois homens de imprensa esqueceram seus compromissos profissionais e tomaram partido ao lado dos trabalhadores. Paulo Pontes discursou na praça de Mari, em cima de um caixote. Vladimir constatou que a ignorância, a falta de educação mantinham aquele povo como semi-escravo. Paulo Pontes viu a mesma coisa. Tanto que em 1963 liderou a Campanha de Educação Popular, criada pelo governador Pedro Gondim, mirando-se no Movimento de Cultura Popular do governo Miguel Arraes, em Pernambuco.

Em 1964, com o golpe militar, Paulo Pontes foi impedido de voltar à Paraíba. Ficou no Rio de Janeiro, onde combateu a ditadura através do seu teatro conscientizador. Depois, em 1967, voltou a João Pessoa onde fundou o Teatro de Arena da Paraíba.

“Vladimir Carvalho quase foi preso pelos militares. Ciente de que seria preso, refugiou-se em um sítio no interior da Paraíba com o nome de José Pereira dos Santos, sendo que “Zé dos Santos” ficou conhecido no local por causa das suas esculturas em madeira, xilogravuras e pinturas (vocação artística também herdada do pai). Ao se sentir fora de risco, partiu para o Rio de Janeiro, onde foi assistente de direção de Arnaldo Jabor em “Rio Capital do Cinema” e “Opinião Pública”; como repórter no Diário de Notícias, cobriu a passeata dos Cem Mil e colheu farto material para o futuro”.

“Vladimir Carvalho é um paraibano nascido em Itabaiana no ano da Intentona Comunista (1935). O pai, homem de esquerda, e a mãe, mulher de espírito solidário aos pobres, influenciaram decisivamente na sua formação e na adoção do documentário quase como uma missão de vida. ‘Meu pai era jornalista do interior, mas com uma cabeça interessante e que fez a minha cabeça, apesar de ter falecido cedo, aos 39 anos e eu com 13. Sou nordestino e quero transformar aquela dura realidade’, explica Carvalho”. (Luiz Sugimoto)

Normando Reis e eu, relembrando no rádio os velhos e bons tempos

Mané Calça Preta vive na memória de Normando Reis

Gravei entrevista com o ator Normando Reis para o programa Resenha Cultural, do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, que vai ao ar todo sábado ás 15h30 pelas rádios comunitárias Zumbi dos Palmares e Rainha de Itabaiana. Esse artista está comemorando trinta anos de palco, sempre atuando no Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana que por sua vez vai somar 35 anos em 2011.

Normando morou onze anos em Itabaiana, onde nasceram suas duas filhas. Seus amigos ainda estão aqui. Toda quarta-feira ele sai de João Pessoa, onde mora, para ensaiar no Ponto de Cultura. Na entrevista, perguntei ao Normando se ele teria uma figura que destacaria no cenário social, político e cultural da terra do forrozeiro Aracílio Araújo, nosso querido Munganga. “Não menosprezo ninguém, todo mundo é importante, cada um é estrela com seu brilho próprio, que às vezes nem aparece, mas existe. No entanto, de Itabaiana lembro bem e com saudade do velho comunicador Manoel Calça Preta, proprietário de uma humilde difusora numa rua pobre do carente bairro do Cochila, onde morei”, afirmou Normando.

A lembrança que ficou foi a do Manoel Calça Preta anunciando com sua voz rouca o desaparecimento de um porco, uma cabra, um jumento com estrela na testa, um cachorro vira-lata que atende pelo nome de Muriçoca ou vendendo, alugando ou trocando qualquer coisa. Depois, rezava o terço e botava o disco de Azulão cantando:

Depois da novena tem forró pra gente dançar
Lá na casa de Tomé que veio me convidar

Cadê a minha roupa que eu mandei lavar?
A nega preguiçosa não quis engomar

Mas não tem nada não, eu vou pro forró mesmo assim
Lá na casa de Tomé tem roupa que dá pra mim
O que é meu é de Tomé, o que é de Tomé é meu
Eu tendo Tomé tem e Tomé tendo é meu.

Mané Calça Preta nem atentava para o duplo sentido da música, que soa ingênua nesses atuais tempos de forró pornográfico. “Era um comunicador do povo, com sua simplicidade e singeleza do seu equipamento rústico, mas aquela difusora era pura poesia, invocando-me lembranças de um passado que me desperta o sentimento do belo através das coisas simples”, diz grandiloquente o nosso ator.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mais um itabaianense de altíssimo nível


Valdiney Veloso Gouveia é especialista em Psicometria pela Universidade de Brasília, onde concluiu Mestrado em Psicologia Social e da Personalidade. Doutor em Psicologia

Social pela Universidade Complutense de Madri. Professor de Técnicas de Exame Psicológico (Graduação) e Métodos de Pesquisa e Técnicas Estatísticas (Mestrado e Doutorado) na Universidade Federal da Paraíba. Pesquisador 1 D do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Com essas credenciais, é professor na Universidade Federal da Paraíba.

O professor Valdiney escreveu vários livros, entre eles “Psicologia Social dos valores humanos”; “Construindo a psicologia brasileira” e “O médico e seu trabalho”.

Saiu de Itabaiana muito moço, mas tem sua terra natal como referência de vida. Ele se perfila no rol daquelas pessoas que fazem a diferença, como se diz, os que se sobressaem pela inteligência acima do habitual.

Eis o que pesquei na internet sobre o trabalho do Dr. Valdiney: “O Núcleo Bases Normativas do Comportamento Social, coordenado pelo Professor Doutor Valdiney Veloso Gouveia, há mais de dez anos tem desenvolvido diversos trabalhos referentes à temática dos valores humanos. Para tanto, toma-se como base a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos, criada por Gouveia (1998, 2003). Este autor apresenta uma nova tipologia dos valores humanos básicos, a qual se fundamenta nas necessidades humanas. Tal teoria surgiu a partir da observação das limitações relativas às teorias vigentes até então, e as pesquisas têm confirmado a sua eficácia. Supõe a natureza benevolente do homem, admitindo os valores como padrões gerais que orientam e motivam o comportamento dos indivíduos. Deste modo, essa teoria vem se configurando no cenário nacional e internacional na temática dos valores humanos, tendo reunido diversos colaboradores tanto no Brasil, como em outros países”.

A teoria desse cientista conterrâneo atualmente é adotada nos maiores centros de estudo da psicologia no mundo, conforme informou sua aluna Dandara Palhano, filha do compadre Roberto Palhano e sobrinha de Romualdo Palhano, outro escritor notável de origem itabaianense.

Meus amigos e meus inimigos, como vão?


Eu vou indo, afirmando sem medo de errar que estarei no Recife, dia 8 de janeiro, no mercado da Madalena no pingo do meio-dia, para o lançamento de “Ciço de Luzia”, novo livro do meu compadre Efigênio Moura, um cabra que escreve como quem curte uma cachacinha de cabeça com preá na beira do açude.

Meu abraço ao Dr. Odney e Dra. Marcilene, eles que gostam de cultura popular, retemperando as energias bebendo na fonte limpa do verso do embolador, das invenções geniais do repentista. Eles são plantonistas em Sapé, terra onde moram meus pais e onde fui buscar essa figura magnânima de Biu Pacatuba para transformar em livro e perpetuar a memória dos heróis do povo e as Ligas Camponesas.

De Itabaiana, soube que andam botando terra na pretensão da prefeita de vender a areia do rio Paraíba. Essa areia fofa onde na meninice eu brincava de bola e olhava as calçolas das lavadeiras, hoje sendo engolida pela retro-escavadeira de maneira predatória é um retrato medonho da situação em que se encontra o meu lugar. Quem vai reparar os danos causados ao meio ambiente? E como ficam as autoridades públicas perante a história, diante desse crime ambiental?

Meu compadre Dalmo Oliveira escreve para dizer que gostou do “Conto de Natal”, dizendo que “tudo indica que Mané Manichula fumou um capetinha antes de decidir virar Papai Noel da caatinga”.

Meu compadre Manoel Batista, Diretor de Cultura de Mari, informando que, em 2011, pretende apresentar ao Prefeito Antônio Gomes a proposta de criação do Sistema Municipal de Cultura, que prevê a implantação do Conselho de Cultura e seu respectivo fundo e assinatura de termo de adesão junto ao Ministério da Cultura para elaboração do Plano Municipal de Cultura. Lá, a Prefeitura se preocupa com a cultura e não com incentivo à degradação ambiental.

“A orquestra da vida é a cultura
O poeta é seu mestre de harmonia”

(Poeta Dedé Monteiro)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

POESIA


Poeta Rui Vieira se classifica em 4º lugar em premio nacional de literatura

O projeto para publicação da obra “Dicionário Temático da Poesia Popular Nordestina” do poeta, escritor e jornalista Rui Vieira foi selecionado e premiado em quarto lugar a nível nacional pela secretária de articulação institucional do Ministério da Cultura – “Premio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré”.

A obra se constituirá em importante fonte de pesquisas para alunos e professores, especialmente nas áreas de letras, comunicação e admiradores da poesia popular.

A obra contém mais 3.000 estrofes em ordem alfabética, registros poéticos de mais de 450 poetas e cantadores, , mais de 1.000 temas poéticos , vasta bibliografia, glossário de termos regionais, dezenas de curiosidades e registros iconográficos.

“O poeta Rui Vieira é autor dos livros:” Grito”, “Baú de Putaria”, escreveu cordéis e participou do livro “A Paraíba nos 500 anos” com o capitulo – “Paraíba, berço do cordel”.

O poeta é membro da Associação Campinense de Imprensa, sócio da casa do Cantador de Campina Grande e assumiu a cadeira 22 da Academia Paraibana de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.

Compadre Fábio,

e por falar em poesia, te envio fragmentos dos poemas de Jorge Cooper, poeta alagoano amador, que somente teve um livro publicado aos 75 anos de idade, por iniciativa de amigos. Vale a pena conhecer um pouco da arte desse brasileiro. Um abraço,

Joacir Avelino - Maceió/AL

Poemas de Jorge Cooper

.

Poema trigésimo-quarto

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A solidão em que a morte

deixa o morto
É maior que a solidão da lua
Minha solidão soma
a solidão do morto
e a solidão da lua
- Sou mais só
que um louco.

<>

Poema Décimo

.

A idade me diz
ser tempo de
passar a vida a limpo
- (Não custa passar a vida a limpo
Não lhe tenho é o rascunho.

<>

Poema

.

Só morto
o homem enterra o seu passado
cavalga o dorso do tempo
não olha mais para os lados

.

- (Fez o seu encontro de contas
vai de si mesmo saldado)

.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Conto de Natal

Começou a decorar a árvore de Natal em novembro, junto com o presépio. Luzinhas, tamborzinhos, bolinhas, sininhos, cornetinhas e algodão, muito algodão imitando neve. Pesquisou no Google como enfeitar a árvore de natal, depois pesquisou como fazer uma lareira, dessas de filmes estrangeiros, de tijolo aparente, queimando acho que mogno ou cerejeira, ou outra madeira qualquer dos gringos.

Fez um buraco no telhado, meteu a porrada nas paredes, quebrou tudo e começou a construir sua lareira. Pegou o machado e foi cortar sua lenha para a lareira. Não tinha neve nem gelo, era tudo um negrume, clima fuliginoso, coisa de terceiro mundo. Ele ficou puto, mas encontrou um resto de madeira compensada. Servia.

Na véspera de Natal, apressou-se para arranjar a lareira, os últimos detalhes. Acendeu o fogo, encheu o copo de plástico de vinho Sangue de Boi e ficou olhando o fogo queimar a madeira compensada, calor da porra! Mas ele tranquilão, sossegado, esperando a hora de Papai Noel descer pela chaminé com seu saco de presentes. Ho, ho, ho! Que calor!

Quando deu as doze badaladas da meia-noite, Mané Manichula vestido de Papai Noel subiu no telhado e desceu com tudo pela chaminé meia boca. Meteu o rabo na fogueira de madeira compensada e saiu esfregando a bunda no chão, com a roupa vermelha em chamas, com a barba branca sendo queimada pelo fogo, com presentes que se espalhavam pelo chão e eram comidos por vermelhas labaredas carbonizando bonecas carecas, apitos, bolas de plástico, carrinhos idem, kits-maquiagem e celulares de plástico fabricados na China.

O dono da lareira pegou calmamente uma sapatilha de bailarina salvada do incêndio e foi dançar no quintal “O lago dos cisnes”, balé dramático em quatro atos do compositor russo Tchaikovsky.

Discípulo do mestre Arnaud Costa


Fábio:

Conheci teus pais quando morava em Itabaiana. Tua mãe está bem conservada (marido bom é um santo remédio). Quanto a Arnaud, está com cara de "capitalista" na foto, e ele nunca foi disso. Parece que o estou vendo preparando A FOLHA, redigindo-a e aceitando publicar as "porcarias" que à época eu escrevia. Agora é o filho que vai divulgar minhas "porcarias". A vida tem cada uma, né?

Um abração do Paraíba,
Mestre Arnaud, Mestra Iraci e Discípulo Fábio.

Erasmo Souto Camilo
Recife/PE

Bons anos ao Carlos Alencastro e longa vida à minha mãe Iraci


Carlos Alencastro é um amigo de infância. Com ele brincamos de teatro e de construir uma corrente de pensamento na cidade Itabaiana que, em algum momento, foi golpeada, apesar de alguns que continuam resistindo. Carlos vive em São Paulo, e em nome dele envio meus cumprimentos aos companheiros teatristas do GETI, dizendo que Romualdo Palhano está na terra, preparando o lançamento do seu livro sobre o Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, em janeiro de 2011.

Um trecho da mensagem de Carlos Alencastro, o famoso Botija:

Carissimo Fábio:

Dou testemunho da tua coragem e de muitos(as) outros(as) que contigo fazem coro em não perder de vista o ativismo pela cultura, arte, literatura, educação, comunicação e consequentemente a paz, em uma cidade que em tempos passados foi o berço da riqueza cultural e educacional e até mesmo desenvolvimentista, para a nossa querida Paraíba. Portanto, queridos e queridas conterrâneos(as), prossigam firmes animados pela bravura cívica de resistir à alienação causada pelos fatores dominantes na sociedade.

A todos e todas, o meu fraterno abraço.

Carlos Alencastro Cavalcanti

E salve o 27 de dezembro, dia de aniversário da senhora Iraci Marinho Costa, mãe do velho Leão. Para mim ela representa a pureza, virtude, honra, simplicidade, honestidade e decência.

Na foto, dona Iraci e o patriarca Arnaud Costa.

domingo, 26 de dezembro de 2010


Treinando para morrer nas ruas de João Pessoa

“Uma cidade democrática prioriza a vida quando pensa em espaço urbano, e não os automóveis”. Foi esta a mensagem que Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá e consultor internacional do Institute for Transportation and Development Policy (ITDP), quis passar em palestra proferida durante a Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana. “É impossível desenvolver um sistema de transporte sem saber a cidade que queremos”, disse o ex-prefeito de Bogotá, responsável por uma verdadeira revolução social e ambiental na capital colombiana.

A capital João Pessoa está piorando a cada dia no quesito mobilidade da população, cada vez mais espremida nas ruas cheias de automóveis. Comprei uma bicicleta para me deslocar de casa ao centro, que fica a cinco minutos de pedalada, mas nem tenho espaço para trafegar nas ruas e muito menos lugar para guardar a “magrela”.

Decidir se as ruas serão destinadas às pessoas, e não a automóveis particulares, é uma decisão política e ideológica, não técnica, conforme pensa Enrique Peñalosa. Dizem que noventa novos automóveis entram no trânsito de João Pessoa diariamente. Conforme cálculos de especialistas, nesse ritmo a cidade estará totalmente congestionada em menos de dez anos. Interessante o raciocínio de Peñalosa: “Sei que, em qualquer constituição, os cidadãos são iguais perante a lei. Isso significa que um ônibus com 70 lugares deveria ter 70 vezes mais espaço nas vias do que os carros”. Nossa malha cicloviária é ridícula. Dizem que a Prefeitura pensa em mudanças estruturais no trânsito de João Pessoa. É urgente. Enquanto isso, seria bom se os automobilistas respeitassem os transeuntes e não estacionassem nas calçadas que “devem ter o tamanho do coração”, segundo Peñalosa.

Boato de fim de ano: Igreja Universal vai comprar o Sistema Correio por 20 milhões

Acusado de formação de quadrilha, Edir Macedo andou fazendo curso de leão, mas foi solto pelos seus 300 advogados.

Alguns portais de notícias da Paraíba estão divulgando esse moído na comunicação. Se for verdade, está configurada a estratégia da Universal do Reino de Deus de dominar o mercado da comunicação. A TV do Roberto Cavalcanti já é afiliada do grupo do Bispo Edir Macedo. É a lógica do mercado como deus todo poderoso. Quando um pastor da Igreja Universal chuta a imagem de uma santa católica, ele simboliza um ato para desacreditar uma fé concorrente, que oferece resultados aos fiéis por preços mais acessíveis, digamos, algumas velas e sacrifício físico pra pagar promessa.

Edir Macedo ataca os concorrentes com as armas da sua igreja de resultados. Para ele, a Rede Globo tem partes com o demônio.

Tem um amigo meu que foi exorcizado na tal Igreja do Edir Mala. “Em nome de Jesus, sai diabo!”, gritava o pastor, apertando a cabeça do pecador como se espremesse uma laranja. Mas foi sem querer que meu compadre foi exorcizado. Ele ia passando na rua, viu uma fila, entrou pensando que era para receber senha de almoço grátis. De repente, aparece o pastor agarrando sua cabeça, uma mão na nuca e outra na testa. Antes que ele explicasse que não queria tirar o diabo do corpo, o pastor começou a gritar. “Se eu resistisse, aí sim que ele ia pensar que o diabo tinha mesmo me dominado”, disse ele. Depois recebeu um panfleto onde se garantia cura para Aids, câncer, depressão, medo, desempregos.

Depois começa a sessão do golpe emocional. Ao som de uma canção tocada no teclado, primeiro, o pastor pede R$ 500. Ninguém dá. Depois, R$ 200. Idem. Pede R$ 100 e três pessoas aparecem para a contribuição. "Se você não paga a Deus, paga ao diabo", diz ele. R$ 50, mais três pessoas. Para R$ 10, o pastor pede 33 pessoas "porque foi com 33 anos que Jesus morreu". Como motivação, diz: "Sei que nessa hora tem uma guerra dentro da gente: Deus quer dar, mas o diabo fica segurando a carteira. Vem agora, vem! Você pode morrer amanhã!" O diabo acaba soltando a carteira do suplicante, que doa seus últimos centavos e volta pra casa a pé.

É assim que Edir Macedo junta dinheiro para comprar rádios e TVs e aumentar seu império. “Com fé você consegue tudo que quiser. Sem fé, vai ser passado para trás", costuma dizer o Macedo em suas pregações. Vai ter fé assim na baixa da égua! Ele tem uma crença danada na estupidez e falta de discernimento do povão, a quem suga em nome de Deus. E para quem se opõe, levanta-se o grito inquisitorial: "Queima! Queima! Queima!"

sábado, 25 de dezembro de 2010

Jornal do velho Leão recebe reforços

Na foto, o poeta e ativista pelos direitos humanos Edriano Silva, que diz que vai pegar na rodilha pra botar o jornal na rua e a boca no mundo.


O escritor itabaianense Erasmo Souto mandou recado nos seguintes termos:

“Se precisar de mais um ‘clandestino’ do mundo jornalístico, é só
avisar. Um espaçozinho com o título NORDESTE PRA QUEM NÃO SABE
(aceita-se sugestões pra mudança do título). Bem bonita a Rosy. Eu gostaria de ter uma neta dessa. E vamos ver se me paga alguma coisa quando o jornal estiver dando lucro”.

Erasmo Souto

Meu compadre Erasmo, já está contratato pelo sistema 0800, isto é, com direito a não receber nada no final do mês. O título da coluna achei legal, mas você deve estar aberto para sugestões. Que tal o título de um de seus livros, “Paraíba e Pernambuco, um casal muito maluco”, com seus causos envolvendo moídos paraibanos e pernambucanos?

Quanto à comadre Rosy, ela manda agradecer o elogio e quer pessoalmente dar-lhe um abraço quando de sua visita à terra natal. Esperamos o nobre compadre no começo de 2011 para uma celebração arretada no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar: lançamento do livro de Romualdo Palhano que conta a trajetória do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana.

O poeta itabaianense Edriano Silva também se alistou na tropa dos voluntários pelo renascimento do jornal Tribuna do Vale. Ele aproveita para afirmar que vai fazer campanha para unir Itabaiana em uma nova ideia e esperança, e vai aderir à candidatura do meu compadre Zé Ramos, já que Jessier Quirino não aceitou a proposta.

O diretor-presidente da Rádio Comunitária de Santa Rita, Dr. Francisco de Paula Melo Aguiar, disse que “é uma maravilhosa ideia ressuscitar o Tribuna do Vale” jornal que circulava também na terra dos canaviais.

Dizendo que no capitalismo, o homem explora o homem; no comunismo, vice-versa. No anarquismo, ninguém explora ninguém e todos vivem em cooperação. É esse o sistema que rege a administração do jornal Tribuna do Vale, uma publicação que preza antes de tudo a liberdade individual.

Adriano Alves é de Brasília e mandou o seguinte recado sobre a crônica da ex-BBB que virou artista: “Se a ex-BBB utilizasse não as mãos, mas o que a tornou famosa no BBB, isto é, a bunda, para desenhar nas telas (uma carimbada na tela com seu famoso traseiro) provavelmente a sua coleção de quadros fosse vendida a um valor ainda maior. A mulher melancia poderia entrar nesse ramo de pintura glútea também, já que não sabe fazer mais nada. Piadas à parte, você resumiu tudo no seu texto. Literalmente, a mídia consegue vender o que quer, por pior que seja.”

Eu e Rosy iremos estradar para ressuscitar a Tribuna


Essa minha mania por jornal constitui herança, explicada em termos de genética. Meu pai foi do batente, tipógrafo e redator de jornal, aquele profissional que participa de todas as etapas de produção: faz a reportagem, redige, compõe com os tipos móveis, produz a chapa, imprime, executa o acabamento, distribui a edição e depois briga por causa das matérias polêmicas, cronista de textos irônicos e combatentes que sempre foi. Escrevia os editoriais, produzia sueltos e titulava matérias. O velho Arnaud Costa foi um jornalista completo. Praticamente nasci numa oficina tipográfica.

Meu jornal Tribuna do Vale circulou por seis anos na região do vale do Paraíba, em Itabaiana, Salgado de São Félix, Mogeiro, Pilar, São Miguel de Taipu, São José dos Ramos e Juripiranga. Sem apoio e patrocínio, acabei por fracassar na empreitada. Mas em janeiro do ano que vem penso em retomar o projeto.

Minha comadre Rosy Chaves, de Itabaiana, quer ter participação efetiva nesse trabalho de ressuscitação do Tribuna do Vale. Ela tem uma moto, e com esse transporte quer ir de cidade em cidade vendendo espaços no jornal. Ao fim, dividiremos o prejuízo em partes iguais. Na verdade, estou condenado à labuta jornalística. Engajada ao projeto, Rosy Chaves é mais uma parceria dos tantos que já tive nas aventuras de produzir periódicos no interior. Já fiz jornal em Mari, Sapé, Mogeiro, Timbaúba, Pedras de Fogo e Itabaiana.

Eu já revelei a ela meu critério: só vamos publicar notícias boas. Seremos a encarnação da boa nova. Rosy Chaves também vai fazer o papel de repórter, mas sem muito alarde por causa do sindicato dos jornalistas que pode querer barrar o trabalho da moça porque ela não tem curso acadêmico. Ela vende queijo na feira, que em muitos casos é uma atividade mais digna do que as tarefas picaretárias de uma penca de jornalistas embusteiros e devidamente diplomados que conheço.

Na foto, Rosy Chaves usando sua experiência de vendedora, tentando negociar exemplares do meu livro “Biu Pacatuba, um herói do nosso tempo”.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

AUTO DE NATAL


PEDRO OSMAR

Vocês conhecem Jesus cristo

Aquele que nasceu na manjedoura

De um acampamento palestino

De um assentamento do MST

Conviveu com os pobres,

Os fracos, desesperados e suicidas

E viveu toda a sua vida

Correndo sério risco?

Pois ele está aqui, agora, entre nós

Para mais uma vivencia sobre sua palavra e luz

Humanista, humanitária, humanizadora

Com seu olhar atento, atencioso, acalentador

Na construção de tantos bairros libertos

E suas populações libertas da miséria.

Ali, olhem ele alí, agora, no meio do povo

Povo de cristo em armas

Orando e lutando

Por este mundo melhor.

Cristo Che Guevara

Cristo Fidel, Camilo Cienfuegos

Cristo Manoel Fiel Filho

Cristo Lamarca, Marighela,

Gregório Bezerra

E Prestes

Cristo Heleniras, Violetas, Marias da Penha

Cristo filho do povo

Em armas, pela justiça e cidadania

Um cristo em armas

Pela paz de um socialismo democrático.

Cristo filho das multidões em passeata

Esperançosas

Cristo filho do povo do Brasil

Que se organiza para a liberdade

E a democracia

Cristo que prega pela paz

Nos desertos do capitalismo

Mas uma paz sem miséria

Uma paz sem lixo político

Em baixo do tapete.

E nunca esqueçam:

O cristo que somos

O cristo do povo

O cristo que mora nas ruas

Que pede esmolas e mendiga nosso amor

O cristo das comunidades em festa

O cristo das comunidades em guerra

Contra suas misérias e calamidades

É o mesmo cristo que habita

Em cada um de nós

Nossa consciência e sentimentos

De mundo sadio.

Cristo de vida livre

Vida que olha para o horizonte e vê

E constrói o seu futuro

Pelas armas da inteligência

Contra as ditaduras da impunidade

E da burrice.

Um cristo do futuro

Para o presente

E não um cristo do passado

Pregado numa cruz

De ignorâncias

E brutalidades.

Um cristo dos direitos humanos

Cristo de um povo atento

Mesmo errante

Povo que se achou no meio de suas lutas

Um povo de luta

Contra suas misérias, vaidades, hipocrisias

E calamidades sociais

A sensação do ano nas artes plásticas foi a ex-BBB Francine Piaia

Francine Piaia não pinta como eu pinto

Francine Piaia é uma moça que participou do BBB, reality show da TV Globo, programa baseado na vida real, com exposição de pessoas convivendo em uma casa. Alguns críticos dizem que o programa é o que há de mais ridículo na televisão brasileira. “Juntam um bando de playboys de merda, todos bombados e com sérias tendências de sentar numa tora, mais um monte de mulheres gostosas e voltadas à prática da biscatagem e pronto: está formado o BBB”, resume Miltinho, um cara que não vê o BBB, mas sente o cheiro.

Eu não sei o que significa biscatagem, mas deve ser algo em torno de libertinagem. Em todo caso, a tal Francine ficou famosa e resolveu fazer uma exposição dos seus quadros. Faz um ano que ela suja telas, na ilusão de que sabe pintar. Sua coleção de 115 “obras” em tinta acrílica foi leiloada em benefício da Casa de Apoio à Criança com Câncer de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Os quadros foram vendidos em menos de uma hora. Só um deles alcançou o preço de R$ 1.500 reais. Ao todo, o leilão rendeu R$ 7 mil.

Louvável a boa ação filantrópica da moça, mas o que eu quero ressaltar é a inversão de valores e o poder da mídia de vender seja lá o que for. O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, de Itabaiana, está leiloando um quadro do pintor hispano-brasileiro Otto Cavalcanti, um dos artistas mais famosos da Europa, e até agora só recebeu um lance no valor de R$ 500 reais.

Já a ex-BBB Gyselle Soares arrematou em um leilão no hotel Salomon de Rothschild, em Paris, na França, um quadro de Michael Jackson. Gyselle comprou a obra por 5 mil Euros e diz que a aquisição foi a realização de um sonho.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O advogado Zé Ramos, quando exercia o cargo de vereador em Itabaiana

Pesquisa mostra Zé Ramos como favorito para prefeito em 2012

O blog Toca do Leão (www.fabiomozart.blogspot.com), com mais de três anos no ar, de responsabilidade do jornalista Fábio Mozart, é um espaço de opinião na internet, especialmente sobre a realidade do vale do Paraíba. O blog é considerado um dos mais acessados da região, depois do “Itabaiana Hoje”, de Marconi Xavier. Atento ao que acontece na política itabaianense, o blog realizou uma enquete que ouviu 73 pessoas sobre em quem os internautas votariam para prefeito da cidade nas próximas eleições. O resultado mostrou o advogado Zé Ramos liderando com 30 votos, seguido do ex-prefeito Babá com 21 votos.

Além desses, recebeu votos o vereador Ronaldo Gomes, atual presidente da Câmara que ficou em terceiro lugar, com 9 sufrágios. O ex vice-prefeito Dema e o Secretário de Saúde, José Sinval, ficaram com 4 votos cada. O ex-deputado Fernando Melo ficou com 3 votos na enquete, que esteve no ar durante 15 dias.

Apontado como possível candidato, o ex-prefeito Antonio Carlos Melo Júnior teve apenas dois votos. Já o ex-vereador Manoel Medeiros não pontuou na pesquisa da Toca do Leão.

Lembrando que a enquete não tem qualquer valor científico e representa apenas a opinião de um grupo de leitores que acessam o blog Toca do Leão.

Joelda Fidelis, a menina de ouro do Ponto de Cultura


A galera do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar tem em Joelda Fidelis uma companheira de excelente caráter e que joga nas onze posições. Ela é artesã, artista de teatro, radialista, editora de áudio, bibliotecária e porta-voz dos estudantes no Ponto. Está terminando o segundo grau no Colégio Dr. Antonio Batista Santiago, aos dezesseis anos.

Joelda Fidelis é uma mocinha pobre que mora no subúrbio, gasta mais de uma hora pra chegar no colégio, sua rua não tem calçamento, seus vizinhos são desempregados, biscateiros, residentes em casas sem saneamento. Os jovens de sua comunidade enfrentam as drogas, o descaso da sociedade, a falta de lazer, saúde, educação e alimentação digna. Mas Joelda Fidelis foi convertida aos princípios do fazer artístico e não está nem aí pra natureza ilusória de sua condição social. Ela é rica de vontade, de talento e passou a reconhecer a relevância do seu papel no mundo. Ademais, tem forte ambição de melhorar como pessoa humana e como artista.

Seja-me agora permitido dizer das perplexidades que me ocorrem quando noto a total falta de interesse dos tais poderes públicos com um projeto sócio-cultural como este do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Em menos de um ano, o projeto mostra seus frutos e potencial transformador da sociedade.

Neste fim de ano, só me resta agradecer pela convivência com jovens iguais a Joelda Fidelis, sem deixar de citar a equipe que esteve conosco nesta luta boa, os monitores Zé Severino, Marcos Veloso, Das Dores Neta, Josino Mendes, Joelda Fidélis, Rosy Chaves, Clévia Paz, Val, Lucas, Fred Borges, que foi oficineiro de teatro, e Edglês Gonçalves, esse jovem incansável que nos representou no Rio de Janeiro e em Taperoá, nos encontros de pontos de cultura do Brasil, informando ao país o que se faz pela difusão cultural na terra de Zé da Luz e de Sivuca, no berço de Artur Fumaça e do saxofonista Ratinho, a terra que viu nascer Biu da Rabeca, Pingolenço, Chico do Doce, o grande mágico Mister Kaltos, Galego Aboiador e tantos outros artistas populares geniais.